O despertador tocou as 7 da manha, e como eh de praxe em quartos que voce nao esta sozinho, quando o despertador toca, todo mundo reclama hehe. Mas havíamos combinado de levantar cedo para pegar o café da manha e podermos aproveitar mais o dia de domingo.
Arrumamos-nos todos e fomos encontrar o resto do pessoal. Descemos para o café e presenciamos nesse momento uma das cenas mais legais possíveis, apesar da comida não ter sido das melhores (Longe dos tão desejados queijo , presunto e ovos mexidos de cafés da manha de hotéis hehe) o ambiente estava muito legal. Se imagine por um momento escutando chinês, ao mesmo tempo em que se ouve o apressado espanhol, seguido pelo bom e velho inglês, e sem deixar de “Ecouter beaucoup de Français”. Esse foi nosso café da manha no albergue, um salão razoavelmente grande com vários grupos de viajantes vindos de num sei lá onde e que com certeza olhavam para nós com o mesmo instinto de curiosidade que tínhamos em relação a eles.
Terminado o momento babel encontramos a brasileira que citei no post anterior, ela recomendou que naquele dia fôssemos primeiramente ao Jardim Botanico de Genebra e ainda aconselhou que fossemos andando, beirando a orla do lago enorme que tinha por la. Seguimos o conselho e pra nossa alegria, o dia de domingo estava totalmente diferente, o sol havia decidido aparecer e a cidade ganhou um outro ar para todos nós. Andamos pela orla curtindo a paisagem e tirando varias fotos. Em certo momento eu me senti a beira do lago Paranoá, observando o Lago sul na outra margem e imaginando a terceira ponte em algum lugar, nessa hora novamente bateu a saudade de nossa bela capital.
Chegamos ao jardim e tivemos nossa caminhada mais uma vez recompensada. Passeamos um pouco, entramos em uma estufa para ver como era hehe e saímos de lá seguindo para o próximo local indicado a ser visitado. O Teleferico de Seleve.
Abri mais uma vez o mapa e procurei o local indicado, ficava no outro lado da cidade, quase na fronteira, mas foi muito bom, pois de dentro do ônibus pudemos conhecer ainda mais a cidade. A medida que nos afastávamos do centro da cidade, a Suíça que todos imaginamos começava a surgir. Casinhas cercadas de enormes jardins e bosques ao fundo, enormes campos verdes com aquela única árvore solitária bem no meio, aquele ar bem bucólico que só mesmo a Europa passa.
Descemos na parada final da linha do ônibus e ainda tivemos que caminhar mais uns 20 minutos para chegar a base da montanha, local onde ficava localizada a base do teleferico. Compramos nosso ticket e depois daí foi soh alegria. A subida foi fantástica, pudemos ver a cidade toda a mais de 1200 metros de altura, o Jato de água que comentei anteriormente continuava imponente frente aos prédios que circundavam o lago de genebra.
Tiramos varias fotos e já estávamos com a sensação de viagem ganha, o fato eh que, conversando por la, descobrimos que ainda havia uma trilha que levava ao topo da montanha e que de la dependendo do tempo poderíamos ver os Alpes suíços. Penso que todo turista é assim, mas nós não queríamos deixar passar nada, já estávamos ali, teríamos que ir ateh o final, e la fomos nos.
Começamos a subir e a vista que tínhamos não nos deixava nem pensar no cansaço. Dessa hora eu me lembro bem de uma coisa...Eu nunca senti tanto frio na vida. Acreditem em mim quando falo que pelo menos em Brasília, não faz frio hehehe. O pior de tudo eh que tinha gente que tava la com muito menos roupa que a gente e não tava nem ai! Chegamos ao ponto de ver uma criança local chupando picolé hehe. Não sei como eles se adaptaram, mas nos estávamos longe do nosso habitat natural hehe.
Andamos um pouco mais e vimos uma plataforma de salto de parapente em que você podia pagar para saltar, mas pra sorte da minha mãe não tinha ninguém la na hora e fiquei soh na enorme vontade. Claro que não sai de la sem fazer a adrenalina subir, eu e mais 3 amigos fomos bem na beirada e tiramos varias fotos para gravar o momento.
Subimos um pouco mais e voilá! Estávamos no topo. A vista era incrivelmente linda, podíamos ver toda a cidade de ponta a ponta sem nenhum problema. La em cima tinha um estacionamento pois havia um caminho para carros chegarem ateh la tambem, e pude ver, 2 ducatis, 1 hayabusa, 3 kawas e 1 Bmw imensa. Fiquei me perguntando como e porquê hehe. La em cima também tinha um restaurante bem legal, climatizado e que vendia uma “Torte de Maison”. Não sabia nem do que que era, mas a cara tava tão boa que tive que comprar..valeu a pena hehe.
Curtimos um bom tempo la no alto da montanha, mas pra nossa frustração, os Alpes estavam encobertos pelas nuvens. Pra não dizer que não vimos nada, a base do Mont Blanc estava la e pudemos ver aquela enorme montanha coberta de neve pelo menos parcialmente. A vista e os momentos ali naquela montanha, apagaram a primeira impressão que tive da cidade e posso dizer que fez a viagem mais que valer a pena
Já eram 3 horas da tarde e todos estavam famintos, o pensamento no momento era voltar e comer pois já estavam todos satisfeitos com a viagem, havíamos conhecido os principais pontos turísticos e a subida ao teleférico rendeu varias fotos. Eu no entanto pensava diferente, precisava visitar o museu da reforma. Descemos o caminho todo novamente e por poucos segundos conseguimos pegar o ônibus que estava saindo. Falei com o grupo que eles poderiam ir almoçar mas eu iria voltar na catedral e marcamos de nos encontrar mais tarde. Desci na parada que ficava próxima ao centro historico e o Henrique e o Bruno foram comigo, pra nossa alegria, havia um Mcdonalds na primeira esquina que viramos.
Comemos rapidamente e seguimos em direção a catedral. Os 2 foram visitar um sitio arqueológico que existe embaixo da igreja, e eu fui direto no prédio do museu. Cheguei la as 4 e meia e dessa vez, eu consegui entrar. Fui a recepção e me informei direito, paguei 7 francos e ela me explicou como funcionava o museu. Era um museu interativo e continha varias salas, em cada sala uma parte diferente da historia da reforma, contendo, livros, obras, imagens, esculturas, todas elas numeradas. Recebi um dispositivo que continha um fone de ouvido e bastava colocar o numero da obra que eu queria e ele me dava todas as informações. Não arrisquei ouvir em francês e configurei para o inglês hehe.
A primeira sala era dedicada a Bíblia e a história de Lutero, com vários exemplares antigos, história das primeiras máquinas que imprimiram a Bíblia, exemplares perdidos e inúmeras informações que em uma tarde só era impossivel de absorver.
O ambiente do museu era muito agradável, era dentro de uma casa antiga com aquele ar de igreja bem tradicional, cadeiras estofadas, persianas bem trabalhadas, tapetes bem desenhados e móveis no estilo do século 18. Cada sala que eu entrava via coisas que eu sequer imaginava que tinha acontecido, só mesmo a mão de Deus agindo para que tudo aquilo não se perdesse e chegasse até nós nos dias de hoje. Havia uma sala que mostrava pinturas e documentos da perseguição aos protestantes nos tempos antigos e não tem como não ficar impressionado com tudo que eles passaram. Vários nomes da reforma eram homenageados no museu, nomes inclusive que eu nunca ouvira falar. Mas quero falar em especial de 2 salas. Uma se chamava La Reforme e La musique, mostrando o poder da musica na reforma protestante. Era uma sala pequena em que você escolhia a musica a ser tocada e apenas sentava e ouvia. Se eu pudesse ficaria la o dia inteiro, ouvindo o som do piano e de músicas que lembro de ouvir quando pequeno retiradas do HCC.
A outra sala que eu me amarrei foi a sala “Le banquet de la Prédestination”. Essa sala era diferente das outras pois aqui ela era totalmente interativa. A cada 15 minutos acontecia o “show”. Era uma sala bem decorada, com quadros de cada participante do jantar expostos nas paredes, possuía uma mesa de jantar no centro e 10 cadeiras em volta. O espetáculo começava com o barulho de água caindo e enchendo os copos dos participantes do jantar presidido por Calvino. Em seguida uma luz ia iluminando cada cadeira e a figura representada ali se apresentava e falava sua opinião sobre a predestinação. Foi muito legal, o ruim é que foi somente em francês, então perdi muita informação pois só escutei uma vez. Foram tratados assuntos de livre arbítrio, universalismo condicional, citaram o consenso helvético, vários trechos bíblicos que as 2 linhas usam para se apoiar, etc.O bom é que eu pude tirar uma conclusão no final da discussão...A resposta sobre essa questão tão polêmica, não está em Genebra hehe.
Terminei o passeio e reencontrei com os mlks na catedral, eles falaram que tinha como subir na torre da igreja e observar a cidade. Não deu outra, fui correndo para chegar lá em cima. A vista pra variar também era incrivelmente linda, me perguntava como pode naquela época eles terem construído algo como aquilo. Saímos de lá umas 18 horas, ainda havia um tempo de sobra, então decidimos tomar o famoso chocolate quente suíço.Fizemos isso em nada mais nada menos que no Starbucks e pude conhecer finalmente esse tão famoso restaurante hehe.
Voltamos para o albergue para encontrar o pessoal e seguir para a estação pois nosso trem estava marcado para 8:45. Graças a Deus não houve desencontros e chegamos com tempo de sobra para pegar o trem. Estávamos todos cansados e com aquela sensação de estarmos voltando para casa, o que foi comedia, pois realmente já estávamos considerando Lyon nossa casa naquele momento. Embarcamos enfim e nos despedimos de Geneve.
Para concluir, digo que a viagem com certeza valeu a pena, foi muito bom conhecer toda a história por trás de Genebra, já posso marcá-la na minha lista de lugares a serem visitados. Ainda tenho muito tempo pela frente por aqui e se Deus quiser, se depender de mim, espero mostrar a vocês uma grande parte de toda a Europa.
Grande Abraço!
Grande Abraço!
Salut! Et Au Revoir!