A viagem de ônibus foi muito legal, cortamos toda a Bélgica, passando por famosas cidades como Antuérpia e vendo de perto a paisagem do interior do país. Foi quando sem nos darmos conta, já estávamos vendo placas e mais placas num idioma que não fazia sentido nenhum para nenhum de nós. Só percebemos que estávamos na Holanda quando tivemos que parar para alguns agentes da fronteira poderem subir no ônibus e conferir os passaportes dos passageiros. Deu tudo certo e seguimos viagem, chegando as 20 horas da noite em Amsterdã.
Chegamos na rodoviária e estávamos mais perdidos que tudo, sabíamos o endereço do hotel que ficaríamos mas não sabíamos o que fazer para chegar lá. A vantagem é que havia uma estação de trem anexada à rodoviária e fomos até o balcão de informações para pedir orientação. A atendente não era das mais simpáticas, mas descobrimos que tínhamos que pegar um trem para Zandan, região onde estava localizado nosso albergue, mal sabíamos nós que era muito mais longe do que pensávamos...
Compramos um bilhete pro trem e fomos para o local que o vendedor nos informou. O único problema é que a placa com os nomes e horários dos trens era mais confusa que tudo, só sabíamos que nosso trem sairia em 10 minutos na pista de número 8. Fomos para lá e após um tempinho parou um trem por lá, não sabíamos ao certo se era o nosso, mas ia na direção indicada e tinha chegado no tempo estimado pelo vendedor, não pensamos muito e já entramos nele. Mas foi no meio do caminho que descobrimos que aquilo era somente um metrô e não ia para o nosso destino. Descemos na estação central, pois de lá quem sabe poderíamos pegar um outro para o local do nosso hotel. O problema é que na Holanda o sistema de transporte não é tão bom quanto o de nossa bela Lyon. Achávamos que o bilhete que tínhamos comprado valia para tudo, mas ao tentar sair da catraca, a luzinha vermelha piscou e a porta não se abriu, tentamos de novo, mas mais uma vez sem sucesso. E foi aí que a coisa ficou engraçada..
A porta que o Henrique estava tinha se aberto pois uma mulher havia passado, e ele conseguiu passar a tempo antes de fechar, mas nós ainda estávamos presos lá atrás. Quando olhamos novamente para o Henrique, vimos um segurança do local ao lado dele com uma cara não muito amigável, já ficamos gelados imaginando o que teria acontecido, e poucos segundos depois, vimos mais 2 seguranças vindo na nossa direção...Eles já vieram acusando que a gente tava tentando aprontar e fraudar a catraca, mas a vantagem da Holanda é que todo mundo naquele país percebeu que a língua que eles falam só eles entendem, então praticamente todo holandês fala inglês fluentemente. Expliquei para ele que havíamos comprado o bilhete na estação anterior e que queríamos chegar em Zandam. Ele me falou que aquilo que havíamos comprado era um bilhete de trem e que não valia ali, e já queria fazer a gente gastar mais dinheiro comprando o bilhete do metrô. Nisso o segurança que havia abordado o Henrique chegou com ele perto da gente. Eu falei que não ia comprar, que se ele quisesse eu voltaria para a estação que havia pego o metrô e pegaria de lá o trem. Os seguranças que estavam com a gente ficaram com uma cara meio feia, mas o outro foi mais tranqüilo e falou que não tinha problema. Agradeci a ele e pedi desculpas pelo incoveniente, e ele ainda falou que não tínhamos que nos preocupar pois não sabíamos como funcionava e não tínhamos culpa nenhuma.
E lá fomos nós, pegando o metrô de volta de onde havíamos chegado. Ao chegar lá fomos novamente para a pista do trem, mas dessa vez perguntei para uma senhora que estava por lá esperando qual era o trem que devia pegar, ela foi super gentil e falou que nos avisaria quando ele chegasse. Não esperamos muito e ela nos indicou o trem certo, dessa vez entramos e sabíamos que estávamos indo para o lugar certo. Sentamos mais tranqüilos imaginando que em pouco tempo estaríamos no nosso hotel, leigo engano...
O trem andava e não chegava nunca na nossa estação. Ficamos preocupados, mas estávamos indo para o lugar certo de acordo com o mapa. Andamos mais um pouco e finalmente ouvimos a chamada para quem fosse descer em Zandam. Descemos e a estação estava praticamente deserta. Eu achei que ao chegar em Amsterdã veria movimento pra tudo que é lado, mas ao olharmos em volta a cidade estava morta, tava muito estranho aquilo tudo. Olhamos as placas e vimos algumas que indicavam “Centrum”, fomos andando nessa direção esperando que achássemos alguma coisa. Nós estávamos completamente perdidos, estávamos em Zandam mas não tínhamos idéia de como chegar na rua do hotel. E pra piorar a situação não tinha nada aberto pra podermos perguntar. Nós estávamos em algum lugar muito longe de tudo hehe. Andamos um pouco e finalmente achamos um restaurante aberto, entrei para pedir ajuda e pelo menos a atendente la foi gente boa, ela falou que não sabia, mas foi chamar um amigo dela para nos ajudar. Mostrei a rua que queríamos ir, mas ele não pareceu saber onde ficava, falei que queríamos ir para o hotel Formule 1 e foi aí que ele se lembrou. Já criei esperança pois pelo menos agora teríamos uma noção de para onde ir. Mas minha alegria durou pouco com o que ele falou: “Vocês estão de carro aí né?”. Vocês tinham que ver a cara dele de pena quando a gente falou que não..
Falei que estávamos fazendo mochilão e que não teria problema ir andando, ele nos explicou mais ou menos o que fazer e disse que iria demorar uns 30 minutos ou mais andando. Depois falou que era do Suriname e também já havia feito um mochilao, sabia bem como era. Agradecemos e fomos andando seguindo a orientação dele, tinha mais ou menos uma idéia do que fazer, mas ainda estava sem confiança de para onde tinha que ir. Já eram quase 22 horas e não havíamos achado nosso hotel, e pior, o Luiz chegaria as 22:15 na estação central e ficamos de ir buscá-lo lá, apesar de ninguém estar conseguindo falar com ele..
Andamos um pouco e foi quando avistamos um casal vindo de bicicleta vindo no sentido contrario a gente, ativei o modo cara de pau e pedi ajuda para eles. Eles pararam e após eu falar que queria chegar no hotel, eles disseram que sabiam como chegar e ouvi de novo a mesma pergunta, “Vocês estão a pé?”..Rimos e falamos que sim hehe, eles nos explicaram de novo e pelo menos havíamos andado na direção certa, com a ajuda deles ficou mais fácil identificar onde estávamos e quais seriam os próximos pontos estratégicos para seguir,era só andar e na segunda ponte virar a esquerda. A partir daí era uma reta bem grande beirando uma estrada e andamos mais um tanto...
A primeira ponte chegou e continuamos andando, pensando que as coisas estavam começando a melhorar, andamos mais um pouco e chegamos em um viaduto, achamos estanho pois eles não haviam falado nada de viaduto, então continuamos andando, andando...e andando até chegar finalmente no fim da pista! E o fim da pista ficava na margem de um rio enorme, de onde do outro lado podíamos avistar algumas usinas e enormes fábricas, não havia nenhuma ponte, só um lugar para os carros entrarem e esperarem uma espécie de balsa que os levaria para o outro lado. Sentamos um pouco pois não sabíamos mais para onde ir. Avistamos então uma pista que ia beirando a margem do rio, continuação da pista que estávamos, nem iluminada era ela, mas era o único lugar possível para ir. Criamos coragem e fomos por ela,beirando o rio e sentindo que estávamos voltando de onde tínhamos vindo. Mais a frente vimos um carro vindo por essa pista e entrando em uma espécie de fábrica, fui até la para falar com o segurança e pedir alguma informação, ele disse que não sabia mas iria perguntar para uma outra pessoa, foi aí que do nada veio uma senhora falando que sabia, gesticulando e falando com toda a certeza do mundo, o único problema...ela não falava inglês e jurava que a gente estava entendendo o holandês dela. O Outro cara percebeu e após rir um pouco traduziu pra gente, falou que era só seguir a pista em que estávamos e que chegaríamos em uma ponte (essa ponte custou a ser achada) , deveríamos atravessá-la e avistaríamos o hotel do outro lado dela
Continuamos andando, e graças a Deus, avistamos a tal ponte. Andamos até chegar nela e foi aí que nos demos conta...o viaduto pelo qual passamos, era a prolongação da ponte, mas como não havia água, achamos que não tinhamos chegado nela ainda da outra vez. Atravessamos a ponte enfim e após andar mais um pouco, chegamos no nosso esperado hotel! Porém...ainda teríamos que buscar o Luiz. Conversando com o recepcionista nós finalmente entendemos onde estávamos. Zandam era um outro distrito, um setor totalmente afastado do centro de Amsterdã, para sair e chegar lá teríamos que pegar ônibus de conexão com a cidade e pra piorar a situação eles passavam em tempos determinados numa parada perto do hotel. Fizemos o check-in, deixamos as mochilas nos quartos e partimos, não havíamos conseguido ligar para o Luiz, teríamos que ir para o centro e esperar que eles estivesse por lá esperando por nós..
Pegamos o ônibus, éramos só nós e o motorista dentro dele, e após uns 5 minutos andando, mais uma coisa bizarra aconteceu..O motorista simplesmente parou o ônibus numa estação, tirou a malinha de dinheiro das passagens, tirou a chave da ignição, levantou, se despediu e...saiu!! Deixou o ônibus lá com nós 3 dentro dele, andou em direção ao carro dele e simplesmente foi embora. Nós não entendemos absolutamente nada e começamos a rir muito daquilo, veja abaixo:
Após 5 minutos, outro carro chegou, estacionou e outro motorista veio andando na direção do ônibus, ele chegou, deu boa noite, sentou e saiu dirigindo como se nada tivesse acontecido. Ele dirigiu por quase 40 minutos e finalmente, após toda essa jornada, chegamos no centro de Amsterdã e aí sim a cidade se parecia mais com uma capital. Fomos direto para a estação procurar o Luiz, e após rodar por lá, nada do menino. Já havíamos quase desistido, quando resolvemos ver porque não conseguíamos ligar para ele. Mudamos os códigos no telefone, trocamos numero, fizemos de tudo e uma hora, graças a Deus, ele atendeu! Falamos com ele e após 5 minutos nos encontramos. Estávamos acabados, cansados e com sono, mas pelo menos agora era só voltar para o hotel. Mas quem disse que voltar foi fácil??
Já havia acabado o turno do ônibus que saía da estação central para lá e teríamos que pegar outro ônibus em outro ponto da cidade, esse pelo menos ficava no centro e seria mais fácil achar. Pegamos um mapa na estação e vimos que o lugar que queríamos ficava do outro lado do centro, decidimos ir andando, pois já havíamos perdido muito tempo e pelo menos assim veríamos um pouco mais da cidade,resolvemos descer pela Dan-Rak , a rua central da cidade,que além de ser longe do Red Light District (Aquele lugar que dá a fama à Amsterdan) era bem movimentada, com vários restaurantes e que passava na praça onde está o castelo da família real holandesa.
Descemos quase tudo e nada de chegar o lugar que procurávamos, resolvi então pedir informação para alguém e um cara falou para pegarmos um taxi que era mais fácil, eu tentei falar com ele que preferíamos ir andando e ele só falou, “Entao vamos la, direita, esquerda, reto,direita, reto...confia em mim, eu sou daqui, você não vai entender”. Após o convincente argumento, passou um taxi logo em seguida e ele ainda chamou pra gente. Entramos no taxi e fomos em direção ao lugar onde ainda pegaríamos o ônibus. Chegamos, esperamos em torno de 15 minutos e conseguimos pegar o ônibus. Pelo que me lembro, foi o primeiro momento desde que chegamos em Amsterdã em que eu pude relaxar hehe, estávamos todos juntos e finalmente indo pro hotel. E lá fomos nós, mais 40 minutos no ônibus para chegamos no hotel.
Subimos para o quarto, e após tomar um banho capotei na cama, pois no dia seguinte teria que acordar cedo, para pegar o ônibus matinal e chegar cedo no centro para conhecer bem a cidade de Amsterdã.
Essa foi nossa primeira noite em Amsterdã, e eu fiquei cansado só de escrever aqui enquanto eu lembrava hehe, mas graças a Deus, o dia seguinte foi muito, mas muito melhor! Próximo post tem mais!
Grande Abraço!
Salut! et Au Revoir!