terça-feira, 14 de junho de 2011

Intercâmbio – Etapa Le Creusot

Saudações queridos leitores e amigos!

Muito tempo se passou desde o meu último post, e nesse meio tempo, muita, mas muita coisa mesmo já aconteceu por aqui. Já tem um bom tempo que eu queria sentar e escrever aqui no blog, mas minha situação esse semestre tá bem diferente do que vivi há alguns meses e é exatamente a respeito dessa nova e íncrivel experiência que você vai ler aqui.

A Cidade:

Como dito no post anterior, me mudei para uma cidade chamada Le Creusot, localizada no interior da França, mais precisamente na região da Borgonha, famosa por seus bons vinhos e saborosos queijos, muitos dos quais, eu já tive o enorme prazer de experimentar.

A cidade possui uma forte raiz industrial o qual mantém até hoje. Com seus 27 mil habitante, arrisco-me a dizer que 50% da população trabalha em alguma das grandes empresas que cincuncida o “Centre Ville”. Percebe-se que tudo gira em delas e de seus empregados, e como atualmente me incluo nesse grupo, não reclamo nem um pouco hehe.

Mas se tem algo que está me surpreendendo e encantando por aqui é a íncrivel sinergia entre máquinas, metal e fogo com vales, colinas e verde...Eu explico.

A cidade em si fica dentro de um grande vale, onde estão concentradas todas as fábricas e centros de produções. Chaminés, reatores, enormes galpões, tudo isso você vai ver por aqui, mas basta sair e seguir 10 km em qualquer direção radial para fora do vale que a recompensa será uma das mais belas paisagens que pude encontrar aqui na França, as colinas da Borgonha.


Minha situação atual difere e muito daquela que tinha em Lyon. A mamata e as facilidades de um estudante foram “remplacés” pelas responsabilidades e desafios de um estagiário...Porém, eu to achando bom demais!

Em Lyon, eu tinha bastante tempo livre, era mais fácil adaptar os horários para concidir com algum evento ou viagem. A cidade era grande, com todas as suas facilidades e regalias, eu não tinha do que reclamar. Por aqui, o tempo é mais curto, passo o dia no trabalho e é mais difícil programar alguma viagem ou algo do tipo. Mas por íncrivel que pareça eu to curtindo e muito esse novo ritmo mais dinâmico. 

Eu aprendi a valorizar cada minuto livre que tenho, então cada momento tem um gostinho ainda mais especial. Sem contar que o trabalho é ótimo, então se tem alguma coisa que tenho pra reclamar, é do tempo que ta voando por aqui.

Minha rotina então, é só alegria, entro no trabalho as 9, então posso dormir todo dia um pouquinho mais e ainda acordo com tempo pra tomar café (Sim, eu estou tomando café todo dia hehe!). Moro bem perto do trabalho, numa distância que me permitiria chegar em 15,20 min a pé, mas graças à uma aquisição que contarei logo abaixo, me dou ao luxo de levar menos de 5 minutos para chegar ao trabalho.

O Trabalho:

Se eu pudesse imaginar um ambiente de trabalho, e recriá-lo para a realidade, acho que não obteria algo tão bom comparado ao ambiente que tenho aqui (Com excessão da ausência de um fliperama e uma máquina de doces dentro do escritório, algo que sempre achei que seria genial hehe).

Eu estagio no departamento de R&D da Thermodyn. Um local de referência em pesquisa e produção de turbinas e compressores pertecentes ao departamento de Oil & Gas da General Electrics.



Estou localizado especificamente na área de NPI (New Product Introduction) e digo que trabalhar por aqui é nada menos que genial. Estou cercado de engenheiros cujo currículos são maiores que meus livros de cálculo e as coisas que vejo no meu dia a dia são realmente incríveis.

Estou trabalhando com o que mais gosto e estou aprendendo bastante com o pessoal por aqui, to sendo cara de pau mesmo, sem medo de ser feliz ou de parecer ignorante (Diria que a maior parte do tempo hehe). E todos são super receptivos, com muita paciência e disposição para ensinar.

Isso tudo sem contar a fábrica, local que tento visitar toda semana, mesmo que não precise. Só de ver as enormes máquinas produzindo e sendo produzidas vale toda a caminhada até lá hehe. Todo dia eu me apaixono cada vez mais pela engenharia por aqui.

O Apartamento:

Como se não bastasse as bençãos, eu moro em um dos melhores lugares de Creusot hehe. Fica na parte superior do vale e é perto de tudo (de carro), com uma boa vista de grande parte da cidade. Divido o apartamento com um francês muito gente boa chamado Stanislas, que também estagia na GE. Aqui em casa a gente tem 2 quartos, uma cozinha, uma sala de estar e um banheiro. O apartamento já é grande, e depois de ter morado 6 meses em um quarto de 9 m² lá em Lyon, eu sinto que moro numa mansão hehe.


É realmente uma sensação muito gostosa voltar de um dia do trabalho, entrar em casa, pegar um suco gelado na geladeira, e se estender nessa poltrona aí na sala. Um processo que toma no mínimo 15 minutos diários e que me faz agradecer a Deus sempre, tudo que tenho por aqui.

 O Carro:

Eu quero poder chegar um dia para os meus filhos e contar histórias do tipo “Quando eu era jovem, eu fiz isso, isso e aquilo!” e em algumas dessas histórias o protagonista vai ser o meu Renault 19, ano 1989.

Seria uma injustiça não contar a história de como comprei o carro, então lá vamos nós.
Creusot é uma cidade pequena, não toma muito tempo para você ir de um lado a outro da cidade, mas o problema, é que fazer isso a pé não é tão agradável. Até tem ônibus por aqui, mas eles demoram muito pra passar, as estações não são tão perto e no domingo eles nem funcionam.

Primeiramente eu pensei em comprar uma moto ou uma scooter e a partir daí, fui à caça. Queria algo de segunda mão por causa do preço, e comecei a olhar todos os dias um site muito bom tipo mercado livre se encontrava algo ao meu alcance. Fiquei um bom tempo nessa, quando percebi que sairia mais em conta comprar um carro antigo, sairia pelo mesmo preço e teria muito mais possibilidades com um carro do que com uma moto.

Resolvi então mudar o foco da pesquisa, e fiquei mais um bom tempo procurando. O problema não era achar um carro usado, havia muita oferta, o problema era achar um carro usado e que estivesse de acordo com a regulação que o permitisse “rouler”. Passei quase 3 semanas procurando e de quebra aprendi muito do código de trânsito francês para ter certeza que faria tudo dentro dos conformes.

Liguei para vários números e já havia me encontrado com 2 proprietários nesse período, mas todos estavam pedindo um valor alto pelos carros que tinham, e eu não estava disposto a pagar tanto. Foi bom, ganhei experiência, entendi as regras do jogo e aprendi a negociar, pois o dia 4 de abril chegou sem avisar, e eu encontrara o campeão...

Liguei para um número que tinha achado no site e marquei um encontro as 18:30 em frente ao ginásio de esportes aqui da cidade, para ganhar aquela batalha, tinha que ser num terreno que conhecia bem...(na verdade eu aproveitei pois iria jogar bola por lá depois).

Chegamos meio atrasado, mas ele ainda estava nos esperando com seu filho de uns 10 anos, talvez para fazer uma pressão psicológica, não sei bem, mas eu não deixaria aquilo me comover! A primeira impressão que tive do carro foi muito boa, ele estava bem conservado por fora e por dentro, e tirando o fato de que estava um pouquinho rodado (Ahh vai 300000km não são nada) ele estava realmente bem cuidado.

Ele estava pedindo 550 euros no carro e eu havia aprendido uma lição importante nas ultimas negociacoes. Reclamar de tudo no carro, mesmo pequenas coisas que não fazem a mínima diferença fazem o preço cair consideravelmente hehe. Fui conversando, me virando com o francês de argumentação que havia aprendido e no final lancei o primeiro golpe, fiz uma oferta de 400 euros..que ele aceitou...e continuamos conversando.

Para que um carro possa rodar por aqui, é preciso que ele passe a cada 2 anos por uma visita de Controle Técnico, que verifica se todos os mecanismos de segurança estão funcionando bem. Mas para se comprar um carro, é necessário que esse controle tenha sido feito com menos de 6 meses, uma das razões pela qual foi tão difícil achar um carro que eu pudesse comprar. A maioria era vendido apenas para que se pudesse aproveitar as peças.

Eu já estava disposto a pagar os 400 euros mas vi surgir mais uma oportunidade de redução. Ele havia feito a visita técnica do carro exatamente naquela semana pois tinha a intenção de vende-lo, mas precisaria retornar para fazer uma contra visita e arrumar alguns pequenos detalhes. Eu fiz como se estivesse desconfiado, e continuei questionando e pedindo mais informações sobre a máquina. Mas foi depois de uma inspeção bem amadora do motor que achei a mina de ouro.

O carro era bem antigo, e percebi que o sistema de refrigeração a ar havia sido trocada para um de refrigeração a água. Até aí tudo bem, isso valoriza o carro, o problema é que por algum motivo, eles não retiraram o antigo tubo de ar, deixando um grande tubo solto no meio das peças. Na prática, isso não interfere em nada, mas se você olha para um motor de um carro e vê uma peça desconectada, a sensação de que algo não esta bem é instantânea hehe. Aproveitei aquilo e mostrei para ele. Argumentei que o carro era antigo, estava bem rodado, e que ele não conseguiria repassar para ninguém que não fosse um garagista, logo perderia dinheiro.

Ele ouviu tudo isso e antes que pudesse dizer alguma coisa eu soltei logo a conclusão de meu rodeio:
“Faz o seguinte, você leva o carro amanhã no controle, verifica tudo e se estiver tudo em ordem e eles disserem que o carro pode andar, eu te pago em espécie e na mesma hora 350 euros”

Ele titubeou um pouco, havia descido 200 euros do que havia pedido inicialmente, mas no final, graças a Deus hehe acabou concordando. Havia acabado de negociar meu futuro carro. Depois disso, foi só esperar. No dia seguinte ele me ligou dizendo que não havia vaga para levar o carro naquele dia, então teria que ser no dia seguinte. Disse que não teria problema, e que assim que estivesse pronto, ele podia me retornar. Dito e feito.

No dia 6 de abril de 2011 às 19 horas me encontrei novamente com ele e seu pequeno filho e após preencher a papelada e desembolsar as 350 européias, abri o carro, ajustei o banco, enfiei a chave na ignição e fiz roncar pela primeira vez o motor de meu novo brinquedo, um clássico e feroz Renault 19 GTS. Tem lá seus 300 mil km rodados (Um pouco mais nesse momento que estou escrevendo o post hehe), mas ainda anda que é uma beleza. Por ser velho, porém correr como nunca, o nomeei “Raptor”, e te asseguro que ele faz por merecer esse nome. Daí pra frente, foi só resolver a questão da matrícula do carro na prefeitura e ativar um seguro para o bixão. Foi a melhor compra que fiz durante toda minha estadia aqui na França, ter um carro facilitou e muito minha vida aqui em Creusot.



Enfim, depois de muito tempo, este é um pequeno resumo de como tem sido minha vida por aqui e posso dizer que to amando minha rotina. Já viajei para alguns outros lugares também, isso sem contar as inúmeras aventuras que vivi pelos arredores da Borgonha com o bravo Raptor, mas essas histórias, aquelas que espero um dia contar também para os meus filhos, ficam para a próxima...

Um Grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!

domingo, 6 de março de 2011

O Estágio - Parte 2

O tempo passava, e a busca por um estágio continuava incessante, era currículo sendo enviado para as mais diversas empresas, em outros países inclusives, mas diferente do que eu estava imaginando, os resultados nunca eram positivos. Confesso que estava começando a ficar desanimado, minhas buscas não estavam tendo sucesso, e o tempo passava mais rápido do que parecia.

O natal havia chegado, e dei uma pausa nas pesquisas, em seguida veio o ano novo, e tive a oportunidade de viajar e conhecer o Reino Unido. Passamos um réveillon incrível em Londres, e foi somente no dia 3 de janeiro que voltei pra Lyon para o recomeço das aulas.

Para se conseguir um estágio, geralmente é preciso passar por um processo seletivo com entrevistas aos candidatos, para que assim, a empresa possa filtrar e escolher aquele que ela julgar ser mais adequado para o posto. Eu voltei para França daquela viagem com o coração mais tranqüilo, se fosse da vontade de Deus, uma oportunidade de entrevista surgiria e se Ele quisesse, eu conseguiria a vaga que estava procurando

Acordei no dia 7 de janeiro de 2011 um pouco mais tarde do que de costume pois não teria aula naquele dia, e foi o tempo exato de terminar de lavar o rosto e me arrumar para eu me dar conta de que o telefone estava tocando. Era um número desconhecido, e atendi em francês pois não tinha idéia de quem poderia ser.

Eu ainda estava naquela fase de lezeira de quem tinha acabado de acordar, mas quase pulei da cama quando eu ouvi: “Bom dia monsieur Carvalho, aqui é o RH da General Electric, estamos aqui com um currículo que o senhor entregou no fórum de empresas em novembro e gostaríamos de saber se o senhor ainda teria interesse de competir por uma vaga na GE.”

Eu não estava acreditando naquilo. Era a oportunidade que eu estava esperando e não conseguia acreditar que ela havia chegado. Ela me disse que eu teria que passar por uma entrevista, e após eu passar os dias que tinha disponível, me informou que eu receberia uma ligação do meu entrevistador. Desliguei o telefone, agradeci a Deus por aquela chance e imediatamente após tudo isso, comecei uma nova e difícil missão, me preparar para a entrevista. 

Haviam me enviado um email com a oferta da vaga e a missão do estagiário que fosse selecionado, e posso dizer sem dúvida, que se eu tivesse que escrever algo com que eu gostaria de trabalhar, não teria escrito algo tão empolgante como o que li naquele email. O tema era concentrado no domínio de fluidos, e se fosse selecionado, iria trabalhar com uma das coisas que mais gosto na engenharia mecânica, turbinas e compressores!

Passei o final de semana estudando para a entrevista, pesquisando sobre a empresa, coletando dados e quaisquer informações que pudessem vir a ser úteis. Na segunda feira liguei pro meu grande amigo Marcel e passamos mais de 40 minutos simulando uma entrevista, onde pude treinar e pegar algumas dicas com ele. Dormi naquele dia com o coração a mil, mas mais uma vez preciso falar, o Senhor estava no controle de tudo.

Dia 11 de janeiro de 2011 às 2 horas da tarde o telefone tocou, exatamente como eles tinham me avisado. Atendi com o coração saltando pela boca, mas graças a Deus, ao ouvir o bonjour, pude me acalmar e me concentrar para aquilo que havia me preparado. Ele começou falando sobre a empresa, área de atuação global e regional, falou sobre a vaga, sobre o trabalho que me seria dado e me deixou bem a par da situação. Em seguida me passou a palavra e pude então falar sobre meu currículo, sobre tudo com o qual já havia trabalhado, experiências profissionais, pessoais e outras coisas mais. Foi a hora que tive pra vender o peixe e aproveitei também para perguntar alguns detalhes da empresa e da vaga.

A conversa que tivemos foi muito boa, entendi bem a função que poderia vir a exercer e consegui falar tudo que havia planejado falar. Despedimos-nos, e ele falou que receberia a resposta em breve, caso fosse positiva ou negativa. Ao final da ligação eu estava confiante, mas era impossível saber o que ele tinha achado. Mais uma fase estava se iniciando, era hora de esperar o resultado e pensei comigo mesmo que aquilo deveria demorar muito. Mais uma vez, eu estava errado..

Naquela mesma semana, viajamos para Portugal, Bruno, Henrique e eu. Fomos conhecer um pouco mais dos nossos colonizadores ora pois e só me arrependo de não ter reservado mais tempo pra ficar lá. Chegamos quinta feira em Lisboa e dormimos num lugar muito bem localizado na cidade, mas foi na sexta feira de manhã, no dia 14 de janeiro de 2011, quando ainda estava no albergue que aconteceu aquilo com o qual havia sonhado e esperado. Havíamos acabado de acordar mas me lembro muito bem da cena.

Bruno e Henrique tinham ido ao banheiro escovar os dentes e eu fiquei no quarto para terminar de arrumar a mochila, foi nesse momento que meu celular tocou novamente. Saí do quarto para não acordar os outros hóspedes e atendi o celular sem noção nenhuma do que me esperava. Existe um versículo na Bíblia que diz que o Senhor faz muito além daquilo que pedimos ou pensamos, e essa ligação foi mais uma confirmação disso. Era novamente a madame que havia me ligado do RH da GE a alguns dias atrás e não vou me nunca esquecer as palavras dela ao telefone:

“...monsieur Carvalho, você passou por uma entrevista na terça feira e estou te ligando para saber...o senhor gostaria de fazer parte da equipe da General Electric?”

Nessa hora eu esqueci que estava num hostel e soltei um “bien sur” muito, mas muito empolgado hehe, ela chega riu com a minha resposta. Corri pra porta do banheiro pra tentar avisar os mlks, e enquanto falava com ela ao telefone tentava gesticular que havia conseguido. Eles não tavam entendendo nada mas naquela hora eu era só alegria hehe. Após conversamos mais um pouco, desliguei o telefone e continuava sem acreditar em tudo aquilo. Depois dali foi só festa, aproveitei muito Portugal e voltei pra Lyon com uma sensação de missão cumprida.

Hoje é dia 6 de março de 2011, quase 2 meses se passaram depois do resultado, passei esse tempo correndo atrás de papelada, resolvendo documentação, viajando hehe, terminando as matérias na faculdade, procurando um novo apartamento, mas acima de tudo, agradecendo a Deus pela maneira como Ele age na minha vida. 6 meses se passaram desde que cheguei aqui na França e já pude sair,viajar, curtir e aproveitar muito mesmo essa oportunidade que estou tendo.

Foram 6 meses morando em Lyon dos quais nunca vou esquecer. Passei bons momentos com velhos amigos e com novos também, conheci pessoas, lugares, aprendi bastante e posso dizer que mudei em muitos aspectos. Contudo, acima de todas as experiências que tive uma coisa é certa e digo sem dúvida, Deus é soberano. E de todas as lições que tive nesses 6 meses que passei aqui, separo uma que julgo essencial: depender de Deus em toda e qualquer circunstância sabendo que Ele está presente em todo o tempo. Se eu fosse escrever todas as histórias impressionantes que vivi e que comprovam isso, eu precisaria de muitos e muitos bits de informação hehehe.

Nesse momento estou postando de Le Creusot, uma cidade da Borgonha francesa com apenas 23 mil habitantes e com um clima delicioso de cidade do interior. É aqui que vou morar os próximos 6 meses, trabalhando como estagiário na fábrica de turbo - compressores da General Electric.

Será uma fase totalmente diferente a partir de agora, vou viajar menos, (bem menos!) e trabalhar mais, (bem mais!) e estou super empolgado com tudo isso. Amanhã, dia 7 de março de 2011 é o meu primeiro dia de trabalho e confesso que estou sentindo um frio na barriga. Lembro que no meu primeiro post, escrito ainda no Brasil, falei sobre as emoções que estava sentindo ao vir para a França. Olhando para o passado e vendo tudo que passou, posso dizer, Deus é fiel. E é com essa certeza e com a mesma empolgação que escrevi aquele post, que me parafraseio agora:

“Eu não sei porque, mas é isso que me empolga, sei que vou me divertir com as situações que vou enfrentar, sempre funcionei melhor sobre pressão, e pensar que vou chegar num local desconhecido, com uma língua que não me é natural e onde não conheço fico ainda mais empolgado com a idéia de que preciso superar tudo isso. Peço a Deus sabedoria para agir em toda situação e sei que muito em breve estarei de volta contando ao vivo todas as façanhas de Yuri na GE!"

Vou dormir agora e esperar o momento de entrar naquela fábrica e glorificar o nome de Deus em tudo o que eu fizer...

Um Grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!

quarta-feira, 2 de março de 2011

O Estágio - Parte 1

Olhando a data do meu último post, eu fui ver que o intervalo de tempo que fiquei sem postar aqui foi bem grande hehe. Muita coisa aconteceu nesse meio tempo, muita coisa mesmo, desde viagens até eventos que mereceriam sem dúvida nenhuma serem registrados aqui, mas esse foi um período bem cheio e toda vez que pensava em sentar para escrever no blog, surgia alguma coisa pra fazer ou então a preguiça vinha e não deixava mesmo hehe.

Desde meu último post em que eu descrevia a experiência de fazer snowboard pela primeira vez, eu já fui mais algumas vezes pra outras montanhas e as histórias de cada uma eu vou deixar pra contar pessoalmente quando voltar, eu viajei pra mais alguns lugares, e ainda pretendo descrevê-los por aqui como fazia antes, mas isso também vai ficar um pouco mais pra frente, também não podia deixar de falar que meus pais e meu irmão vieram me ver, e esse período rendeu muitas boas histórias que com certeza vou escrever aqui ainda. Mas no post de hoje o objetivo é descrever uma série de eventos associados que culminou no momento que estou vivendo hoje e terá como ápice a próxima segunda feira, dia 7 de março de 2011.

Pra quem se lembra, num passado não muito distante, eu escrevi um post que falava sobre a minha busca de estágios por aqui na Europa. Foi um período trabalhoso, bastante tenso e no qual posso dizer que senti muita ansiedade, mas foi um período de crescimento, tanto pessoal como espiritual, pois sabia que apesar do meu esforço, a resposta final viria de Deus, e tentava deixar os resultados nas mãos Dele.

Muitos dos processos de contratação que acontecem por aqui são via internet, no qual é necessário se cadastrar num site e preencher certos campos de informação, enviar currículo, cartas de motivação e outras etapas bem automatizadas que pelo que pudemos perceber, não surgem muito efeito, pois elimina o fator pessoal do processo. Até então era tudo que eu tinha e eu estava me dedicando a isso, era pelo menos uma postulação de vaga por dia, em diferentes empresas e vagas de estágio, algumas mais atraentes que outras, mas o resultado parecia ser sempre o mesmo, a demora na resposta, e um email bem formal dando um aval negativo.

Aquilo não estava dando muito certo, e nossas fichas começavam a acabar, até que um belo dia nós obtivemos uma informação mais do que privilegiada. Iria acontecer um fórum de empresas para grandes écoles aqui em Lyon, visando exatamente promover o contato entre as grandes empresas de engenharia e os alunos universitários desse setor. Um amigo meu já tinha me alertado sobre esses fóruns, eles são a oportunidade única de entrar em contato direto com a empresa, dando a oportunidade de mostrar quem você é de uma maneira muito mais pessoal e além do mais de conhecer um pouco mais dessas empresas que podem vir se tornar os futuros locais de trabalho de quem for contratado.
Pois bem, entrei na internet e já me preparei para o que encontraria por lá, empresas como Volvo, Peugeot, General Eletrics, L’Oréal Paris, Renault, Technip, dentre outros gigantes das diversas várias áreas da engenharia estariam presentes e uma preparação pré fórum era mais do que necessária. Ajeitei o currículo, improvisei minhas cartas de motivação e esperei o dia do fórum como se espera o dia de uma prova importante.

Lembro-me bem daquela manhã, a neve havia começado a cair discretamente aqui na França, mas foi no dia 30/11 de 2010 que começou a nevar de verdade. Eu me arrumei para as entrevistas que poderia vir a ter, fiz a barba e coloquei um blazer para passar uma melhor impressão, e às 2 da tarde daquele dia caminhei debaixo da chuva de neve em direção à “cité internationale”, o local onde ocorreria o evento.
Ao entrar no local percebi que o negócio era ainda mais sério do que eu havia pensado, dentro de um galpão enorme, foram organizados vários stands, cada um mais chamativo que o outro, decorados e enfeitados de uma maneira que só a presença lá já valera o dia. Era uma competição entre empresas para atrair os futuros jovens engenheiros e uma competição entre os alunos para competir a vaga de estágio dos sonhos. E lá estava eu, como todos os outros, procurando meu lugar ao sol. Já havia listado as empresas que eu daria preferência no dia anterior e chegando lá demarquei as posições de seus stands, para começar a pensar em estratégias de aproximação em cada uma delas.

Eu precisava naquele momento de um pouco de confiança, pois qualquer nervosismo poderia prejudicar e engasgar no francês na hora H provavelmente não seria muito bem visto. Falei com o Bruno e resolvemos ir “praticar”. Havia muitos stands de empresas de consultoria e várias de empresas bancárias almejando alcançar engenheiros das áreas de comércio, e foi numa dessas, na qual não estávamos com nenhuma pretensão que resolvemos ir treinar um pouco. Cheguei ao stand da HEC Montréal e joguei a real com uma simpática senhora que estava por lá: “Opa, bom dia, tudo bem? É o seguinte, eu estou aqui para procurar uma vaga de estágio em uma empresa de engenharia, mas é a primeira vez que participo de um fórum desse e não tenho nenhuma idéia do que eu devo fazer, será que você podia me ajudar?”.

Ela riu pra caramba e graças a Deus foi super gente boa com a gente, falou como funcionava, algumas atitudes que deveríamos ter, conversamos sobre o Brasil, sobre a França e confesso que fiquei até atraído em fazer um MBA na HEC, mas o importante é que saímos dali mais confiantes e estávamos prontos pra começar a batalha.

Fomos passando pelos stands, participando de entrevistas, entregando currículos e cartas de motivação e a cada empresa que passávamos aprendíamos um pouco mais. Estava bem legal, não tínhamos certeza de nada, mas pelo menos estávamos conseguindo participar bem do evento. Foi aí então que passei pelo stand mais irado que eu tinha visto...Um Stand verde e branco com algumas luzes para dar um efeito visual , banners de propaganda, gráficos de áreas de atuação da empresa e Várias TVs de LCD penduradas mostrando um filme de um processo completo da fabricação de uma turbina, desde a concepção computacional até o momento de utilização da mesma. Era lindo, e eu acho que vi o filme umas 5 vezes seguidas hehe.

Aquela era uma empresa top, sabia que não tinha muitas chances por ali, mas aquilo me encantou e diferente dos outros stands em que eu cheguei me apresentando e falando o que gostaria de fazer, me aproximei da mademoiselle que estava lá recebendo os candidatos e falei: “Bom dia, tudo bom? Eu vi aqui esse vídeo da turbina e admito que fiquei muito impressionado, tem como você me explicar onde é isso?”.

Ela foi super simpática, me explicou aquele nicho de atuação da empresa, me falou a localização das indústrias, como funcionava, falou da empresa global como um todo, benefícios de se trabalhar por lá e no final pediu para ver o meu currículo. Conversamos mais um pouco e ela se ofereceu para enviar diretamente meu currículo para o RH do setor de turbomachines da empresa. Eu agradeci muito a oportunidade e após mais um tempo de conversa, eu saí dali, feliz com aquela entrevista, mas ciente de que a General Electric era um sonho utópico.

Fomos a mais algumas empresas para apresentar os currículos e no final eu saí de lá feliz por ter tido a oportunidade de ter participado daquele Fórum, sabia que seria difícil, mas graças a Deus, consegui fazer tudo que eu havia planejado e valeu muito a tentativa.

Mas foi no final do fórum, ao sair do prédio que tivemos a maior surpresa do dia, o mundo tava branco! Ao ver tudo coberto pela neve, a gente esqueceu que tinha acabado de sair de um lugar sério e se deixou levar pelo momento, admirávamos toda a paisagem, brincamos de guerra de bola de neve e ficamos um bom tempo antes de voltar pra casa curtindo tudo aquilo ali. Aquele dia marcou e apesar de sair de lá sem um estágio, agradeci muito a Deus por tudo aquilo e continuei esperando Nele, pois sabia que o melhor ainda estava por vir...



Um grande Abraço!

Salut! Et au Revoir! 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Snowboard!

Esse post seria para contar o final da viagem anterior e falar sobre a cidade de Copenhaguen, mas vou fazer uma pausa e falar sobre mais um sonho realizado e mais uma meta cumprida ao vir passar esse tempo aqui na Europa.

O post de hoje é sobre a primeira vez que fiz Snowboard!

Foi dia 11 de dezembro de 2010, um sábado totalmente único, marcado por uma paisagem sem igual e emoções que não tem como descrever com junções de palavras. Se me pedirem pra descrever o Snowboard em duas palavras, eu daria a seguinte resposta: Força de vontade (São mais que 2 palavras, mas vocês captaram o espírito da coisa). O porquê eu conto agora...

A gente saiu de casa cedo, 5 e meia da manhã, iríamos pegar o ônibus da agência na qual compramos o passeio na praça Bellecour e não queríamos chegar atrasados. Praticamente todos a brasileirada do prédio foi nesse passeio, e ainda contamos com a presença de 3 amigos brasileiros que moram em outras cidades e vieram passar o final de semana aqui em casa para poder ir esquiar também.
Chegamos com antecedência no local de encontro e daí foi só esperar para partir, uma espera bem chata, pois vocês não tem noção da ansiedade que eu tava pra chegar, subir na prancha e descer a montanha!
A viagem foi super tranqüila, fomos conversando, falando de nossas expectativas, lançando desafios entre os homens e após aproximadamente 2 horas e 30 minutos chegamos ao pé do Alpes d’Huez. Levamos mais uns 20 minutos para chegar na estação, mas a subida na montanha já valera o passeio e a vista que tínhamos a media que subíamos era uma coisa que chega a ser absurda de tão linda.



Desci do ônibus parecendo menino quando vai pra parque de diversões, pulando, inquieto, olhando tudo, dando murro de empolgação nos brothers,etc. Enquanto comíamos o lanchinho que a empresa tinha dado pra gente aproveitei para observar ainda mais o local. Lá em cima havia uma verdadeira cidadezinha, com hotéis, restaurantes, lojas, tudo construído para capitalizar algo que tinha aos montes por lá, neve! O lugar era muito bem estruturado, tudo bem dividido e fácil de localizar, quando você entra no centro comercial, fica difícil lembrar que se está em cima de uma montanha. Após lanchar fomos diretamente na loja de equipamentos pegar as pranchas que tínhamos reservado. A fila estava um pouco grande, mas nada naquele dia podia tirar meu bom humor. Chegou a minha vez e perdi uns 20 minutos só para achar uma bota que coubesse hehe. Fomos em seguida pegar a prancha e nesse momento o coração já tava batendo ainda mais forte, eu iria fazer snowboard!
Saímos voados da loja e fomos para o primeiro teleférico que vimos, coloquei o pé esquerdo na prancha para poder caminhar até o teleférico e daí, foi só esperar a subida.
A subida no teleférico foi outra coisa que surpreende, íamos sentados, subindo e admirando a paisagem à nossa volta, não tem como descrever. Chegamos ao topo, realizados com aquele pequeno passeio que tínhamos acabado de fazer.



Bom...Estávamos lá em cima, com a prancha no pé, e só havia um jeito de descer...Era tudo que eu havia pedido a Deus hehehe! Atarrachei o outro pé na prancha, me levantei e sem nem querer, deslizei meu primeiro percurso (de 2 metros). Parecia tranqüilo, era um pouco estranho ter os 2 pés presos à uma prancha, mas eu pensava, “Poww, já andei de sk8, isso aqui vai ser mole mole”. Nunca na minha vida eu havia estado tão enganado, e nunca na minha vida o meu orgulho me derrubou tantas vezes (literalmente!).
Comecei a descer a montanha e em menos de poucos metros, vi que tava ficando muito rápido, fui tentar freiar e...Primeira queda..Quero falar aqui que pra quem pensa que neve é fofinha e rola de ficar metendo as costas, barriga, cabeça, ombro o tempo todo nela, já aviso logo que não é nem um pouco do jeito que vocês tão pensando! Doeu demais essa primeira queda, foi daquelas que você cai, bate e fica se perguntando se tem algum lugar que não tá doendo. Eu fiquei no chão, com um sorriso do tipo, “Hahaha isso vai ser massa!”. E realmente foi! A gente só caía!! No começo da descida o corpo ainda tinha forças e dava pra “Escorregar” por um trecho maior antes de meter alguma parte do corpo no chão.
Nós não sabíamos naquela hora, mas as pistas eram divididas em cores por dificuldade, começando do verde, azul, vermelho e preto. Estávamos descendo aos trancos e barrancos uma pista vermelha, e o pior é que enquanto a gente morria pra conseguir fazer alguma coisa, passava aqueles bixos viciados do seu lado, fazendo tudo de forma fácil e te fazendo parecer o cara mais idiota da pista hehe. Ainda bem que o Bruno e o Henrique tavam comigo, então pelo menos um dos três tava no chão alguma hora. Uma dessas horas eu apenas parei e dei mais uma olhada ao cenário sem igual que me circundava. Estávamos a mais de 1900 metros de altura e era possível ver várias montanhas brancas ao horizonte, formando inúmeros vales entre si, parecia que eu estava no topo do mundo e a sensação era incrível. Se alguém ainda duvida que o mundo foi criado de forma consciente, recomendo fortemente uma subida à alguma montanha bem alta.



Bom, não tem como mesurar o tanto de vezes que a gente caiu, não mesmo...Mas como eu disse no começo do post, snow se resume há uma coisa, Força de vontade. Por mais que eu tivesse doído, caído e com o orgulho e moral feridas, eu tentei continuar, tentei levantar e uma hora, sem perceber, já estava tendo um pouco mais de controle sobre a prancha e o que ela fazia. A neve me derrubou de novo pra me colocar no meu devido lugar, mas fiquei feliz pois vi que ainda tinha esperança.
Finalmente, depois de aproximadamente 1 hora, havíamos descido a montanha (levamos cerca de 10 minutos pra subir) e resolvemos tirar uns minutos pra descansar. Eu mal conseguia andar, mas ainda tinha muito tempo pela frente e eu queria sair de lá com a base bem firmada. Graças a Deus achamos em seguida uma pista verde , bem curtinha e perfeita para aprender, (Bateu o arrependimento depois de não ter começado por ali antes hehe) mas ainda assim o número de quedas era incontável.
Essa parte foi bem melhor e ficamos um bom tempo ali. Me arrisquei depois em uma pista verde maior e foi aí que começou a ficar produtivo hehe. Estava conseguindo descer a pista toda, caindo umas 3 ou 4 vezes no máximo, por falta de atenção mesmo e já sentia que estava dominando a parada. Mas infelizmente já tava tarde e era hora de voltar pra casa.



Voltei para casa realizado com uma mistura de pensamentos, meu orgulho fora ferido e tava tudo doendo, mas ao mesmo tempo, aquele cenário tinha me fascinado e percebi que no final do dia eu tinha pego o jeitão da coisa. Fiquei imaginando como seria se tivesse feito esse ou aquele movimento, como seria se fizesse isso ou aquilo, eu precisava voltar e fazer aquilo mais uma vez. Foi aí que me dei conta do que estava acontecendo, eu tinha viciado!
Voltamos para casa naquele dia e tudo que queríamos era dormir, foi um dia único, mais um daqueles pra marcar na agenda como especial e mais um sonho para marcar como realizado. Eu realmente havia viciado e no sábado seguinte eu voltaria a fazer snow em outra estação. Esse foi um dia bem diferente, onde as quedas não eram a regra e sim as exceções, mas essa história, eu conto outro dia...
Um Grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Holanda - Amsterdã (Segundo Dia)

Acordamos umas 8 horas da manhã só porque queríamos aproveitar bem a cidade, porque se dependesse do cansaço a gente ia acordar pra lá de meio dia hehe. Arrumamos as coisas e descemos para o café. Ele era pago e nem era tão bom, mas eu criei um caso por lá e acabamos ganhando de graça, pois no site do hotel falava que tinha banheiro dentro dos quartos e quando chegamos por lá não era nada do que mostrava no site, falei que havíamos sido enganados e tudo mais e no final das contas a mulher acabou cedendo.
                Terminado o lanche fomos direto para a parada esperar o ônibus que nos levaria de novo para o centro, dessa vez pra ficar por lá. Mais 40 minutos de viagem e chegamos na estação central por volta das 9 e meia. O dia estava bem mais bonito, o sol tava aberto e tinha bastante gente na rua, mas um fato bem curioso de Amsterdã que impressiona todos os turistas, é a quantidade de bicicletas que se vê, tem muita, mas muita, mas muuita bicicleta! O terreno todo da Holanda é muito plano, eles ganharam espaço roubando terra do mar e isso facilita muito o uso desse meio de transporte. Tem tanta bicicleta por lá que existe estacionamento de 2 andares só para bicicletas hehe.



Por lá pedimos informação de como chegar no endereço do outro hostel e decidimos ir direto pra lá deixar as coisas e depois voltar para andar pela cidade. Compramos o bilhete de transporte da cidade e pegamos um tram (Um tipo de bonde que passa pelo meio da cidade) para o local indicado. Pelo mapa parecia ser bem mais perto, mas demorou muito mais do que a gente imaginou hehe. Meia hora depois, chegamos no hostel e deixamos as coisas por lá, esperamos o mesmo tram para voltar e lá se foram mais meia hora, ao chegar no primeiro local a ser visitado, demos de cara com uma fila enorme e lá se foram mais meia hora hehe.
                Resumindo, perdemos a manhã quase toda, e já estávamos começando a achar que não conseguiríamos conhecer bem a cidade, mas perto de meio dia, entramos no nosso primeiro ponto turístico, e os momentos que passamos lá compensaram cada minuto, havíamos chegado na casa de Anne Frank...
                Anne Frank e sua família eram judeus e moravam em Amsterdã na época da segunda guerra mundial, após a dominação alemã na cidade, os judeus começaram a ser perseguidos e com o passar do tempo, passaram a ser enviados para os campos de concentração nazista. A história de Anne se difere pois durante dois anos de ocupação, ela, sua família e outra família judia ficaram escondidos em uma casa de um amigo holandês do pai de Anne. Havia um esconderijo dentro da casa todo adaptado para que eles pudessem “sobreviver” lá dentro. E durante todo o tempo em que ela ficou “imersa”, Anne escreveu um diário para contar o dia a dia de sua vida como refugiada.
                Certo dia a polícia secreta alemã recebeu uma denúncia anônima e todos eles foram encontrados e mandados para o campo de concentração. Alguns anos depois, todos eles morreram, exceto o pai de Anne. Ao voltar para Amsterdã ele encontrou o diário de sua filha e após algum tempo resolveu publicá-lo para salvar a memória dela. O livro virou um Best-seller e hoje, “O diário de Anne Frank” já foi traduzido para diversas línguas no mundo todo.
                Quando a gente houve ou lê história desse tipo de coisa geralmente não conseguimos sentir o impacto que isso causa. Eu sabia da história, mas confesso que ao entrar na casa e ver a fundo os detalhes de tudo que aconteceu, fiquei arrepiado e emocionado...A casa hoje virou um museu que te permite passear pelos seus cômodos, com guias iterativos que contam a história do dia a dia da família Frank durante a ocupação. Era uma sensação de tristeza ao entrar no esconderijo apertado e imaginar como eles passaram 2 anos vivendo num lugar daqueles. A medida que íamos andando pela casa a história era sendo contada em ordem cronológica, relatando também o período em que os membros da família morreram no campo nazista. Terminava por fim contando a história do pai no período pós guerra , a história da publicação do livro e o surgimento da instituição Anne Frank. Foi um passeio totalmente diferente, indispensável para quem vai a Amsterdã e que deixa qualquer pessoa emocionada.
Em seguida fomos caçar o museu de Van Gogh, e no meio do caminho acabamos achando uma placa enorme para as pessoas poderem tirar foto que dizia “I AMsterdã”, estilo aquela que tem por aqui em Lyon.Tava cheio de gente em volta querendo tirar a sua própria foto, mas a gente acabou conseguindo achar um espacinho hehe.



Depois fomos direto para o museu que era bem pertinho e chegando la, tome mais fila hehe. Bom que deu tempo pra gente comprar nosso “almoço” numa barraquinha de cachorro quente que tinha por perto.
Entramos no museu do Van Gogh, famoso pinto holandês que cortou a própria orelha num surto de loucura (descobri isso por lá hehe) e confesso que não achei muito interessante, acho que ainda tava surpreso com o museu anterior hehe, mas rodamos os três andares do prédio e tirando um quadro ou outro que a gente sabia que era famoso, (pois tinha visto na escola em artes) não tinha muita coisa impressionante (Impressionista tinha bastante hehehe). Valeu a visita para conhecer, ele foi uma pessoa importante na história da arte mas descobri que não sou muito fã de ficar olhando pra quadro não.
Acabando o passeio, resolvemos andar sem rumo pelo centro e nos deixar perder pelos inúmeros canais da cidade. Foi nesse momento que conhecemos a verdadeira beleza da cidade. Amsterdã se parece muito com uma teia de aranha, várias circunferências formadas por cruzamentos de ruas e canais que vão convergindo até chegarem numa grande praça central, são mais de 1200 pontezinhas ligando uma rua a outra, então já vale o passeio ficar passeando por esse labirinto de pontes e observar os barcos passando lá embaixo nos inúmeros canais.



A cidade é realmente muito liberal, passamos em frente a diversos coffes shops, lugares onde a maconha é vendida de graça, e só pode ser consumida dentro desses estabelecimentos. A questão por lá é que tudo é permitido nos devidos lugares, então pra quem quer somente passear e não ser incomodado por esse tipo de coisa pode ficar tranqüilo, a cidade te permite isso.
Mas o mais importante, é que Amsterdã é muito viva e animada, muita gente na rua, incluindo turistas e nativos e é super segura, a polícia está presente em todos os lugares e sendo assim ninguém te incomoda por lá. Foi bem legal passear pelo centro de Amsterdã, e abaixo um vídeo mostando um pouco mais de como é por lá...



Em seguida continuamos andando pelas pontes e tirando várias fotos. Já tinha escurecido e resolvemos voltar para o centro para comer alguma coisa. Demos sorte, pois havia um parque de diversões montado naquela semana e várias barraquinhas de comida em volta. Fomos lanchar em uma barraquinha de comida alemã e ficamos por lá curtindo as luzes e a movimentação do parque. Terminamos de comer e fomos andar um pouco mais pelos canais da cidade, a noite é um passeio totalmente novo e igualmente bonito. Andamos um pouco mais e eu estava sempre atento para não entrar em uma rua e ter alguma “surpresa” hehe. Foi aí que mais a frente eu vi a indicação das placas e terminei meu passeio por ali hehe, logo adiante ficava o Red Light District, local que abriga as ruas de Amsterdã das quais todo mundo conhece a fama.
Voltei então pelo mesmo caminho e satisfeito pois havia conhecido tudo que queria e passeado bastante pela cidade. Peguei o metrô, mais meia hora...e cheguei enfim no hostel. Dessa vez o banheiro realmente era no quarto e deu pra descansar bem mais nessa noite.

Concluindo, apesar da fama que tem, Amsterdã é muito linda, e não é preciso olhar nenhuma “janela” para se divertir por lá. Há várias Amsterdãs dentro de Amsterdã e qualquer pessoa pode aproveitar bastante a cidade.
Um grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!

sábado, 20 de novembro de 2010

Holanda - Amsterdã (Primeiro Dia)

A viagem de ônibus foi muito legal, cortamos toda a Bélgica, passando por famosas cidades como Antuérpia e vendo de perto a paisagem do interior do país. Foi quando sem nos darmos conta, já estávamos vendo placas e mais placas num idioma que não fazia sentido nenhum para nenhum de nós. Só percebemos que estávamos na Holanda quando tivemos que parar para alguns agentes da fronteira poderem subir no ônibus e conferir os passaportes dos passageiros. Deu tudo certo e seguimos viagem, chegando as 20 horas da noite em Amsterdã.



Chegamos na rodoviária e estávamos mais perdidos que tudo, sabíamos o endereço do hotel que ficaríamos mas não sabíamos o que fazer para chegar lá. A vantagem é que havia uma estação de trem anexada à rodoviária e fomos até o balcão de informações para pedir orientação. A atendente não era das mais simpáticas, mas descobrimos que tínhamos que pegar um trem para Zandan, região onde estava localizado nosso albergue, mal sabíamos nós que era muito mais longe do que pensávamos...

Compramos um bilhete pro trem e fomos para o local que o vendedor nos informou. O único problema é que a placa com os nomes e horários dos trens era mais confusa que tudo, só sabíamos que nosso trem sairia em 10 minutos na pista de número 8. Fomos para lá e após um tempinho parou um trem por lá, não sabíamos ao certo se era o nosso, mas ia na direção indicada e tinha chegado no tempo estimado pelo vendedor, não pensamos muito e já entramos nele. Mas foi no meio do caminho que descobrimos que aquilo era somente um metrô e não ia para o nosso destino. Descemos na estação central, pois de lá quem sabe poderíamos pegar um outro para o local do nosso hotel. O problema é que na Holanda o sistema de transporte não é tão bom quanto o de nossa bela Lyon. Achávamos que o bilhete que tínhamos comprado valia para tudo, mas ao tentar sair da catraca, a luzinha vermelha piscou e a porta não se abriu, tentamos de novo, mas mais uma vez sem sucesso. E foi aí que a coisa ficou engraçada..

A porta que o Henrique estava tinha se aberto pois uma mulher havia passado, e ele conseguiu passar a tempo antes de fechar, mas nós ainda estávamos presos lá atrás. Quando olhamos novamente para o Henrique, vimos um segurança do local ao lado dele com uma cara não muito amigável, já ficamos gelados imaginando o que teria acontecido, e poucos segundos depois, vimos mais 2 seguranças vindo na nossa direção...Eles já vieram acusando que a gente tava tentando aprontar e fraudar a catraca, mas a vantagem da Holanda é que todo mundo naquele país percebeu que a língua que eles falam só eles entendem, então praticamente todo holandês fala inglês fluentemente. Expliquei para ele que havíamos comprado o bilhete na estação anterior e que queríamos chegar em Zandam. Ele me falou que aquilo que havíamos comprado era um bilhete de trem e que não valia ali, e já queria fazer a gente gastar mais dinheiro comprando o bilhete do metrô. Nisso o segurança que havia abordado o Henrique chegou com ele perto da gente. Eu falei que não ia comprar,  que se ele quisesse eu voltaria para a estação que havia pego o metrô e pegaria de lá o trem. Os seguranças que estavam com a gente ficaram com uma cara meio feia, mas o outro foi mais tranqüilo e falou que não tinha problema. Agradeci a ele e pedi desculpas pelo incoveniente, e ele ainda falou que não tínhamos que nos preocupar pois não sabíamos como funcionava e não tínhamos culpa nenhuma.

E lá fomos nós, pegando o metrô de volta de onde havíamos chegado. Ao chegar lá fomos novamente para a pista do trem, mas dessa vez perguntei para uma senhora que estava por lá esperando qual era o trem que devia pegar, ela foi super gentil e falou que nos avisaria quando ele chegasse. Não esperamos muito e ela nos indicou o trem certo, dessa vez entramos e sabíamos que estávamos indo para o lugar certo. Sentamos mais tranqüilos imaginando que em pouco tempo estaríamos no nosso hotel, leigo engano...

O trem andava e não chegava nunca na nossa estação. Ficamos preocupados, mas estávamos indo para o lugar certo de acordo com o mapa. Andamos mais um pouco e finalmente ouvimos a chamada para quem fosse descer em Zandam. Descemos e a estação estava praticamente deserta. Eu achei que ao chegar em Amsterdã veria movimento pra tudo que é lado, mas ao olharmos em volta a cidade estava morta, tava muito estranho aquilo tudo. Olhamos as placas e vimos algumas que indicavam “Centrum”, fomos andando nessa direção esperando que achássemos alguma coisa. Nós estávamos completamente perdidos, estávamos em Zandam mas não tínhamos idéia de como chegar na rua do hotel. E pra piorar a situação não tinha nada aberto pra podermos perguntar. Nós estávamos em algum lugar muito longe de tudo hehe. Andamos um pouco e finalmente achamos um restaurante aberto, entrei para pedir ajuda e pelo menos a atendente la foi gente boa, ela falou que não sabia, mas foi chamar um amigo dela para nos ajudar. Mostrei a rua que queríamos ir, mas ele não pareceu saber onde ficava, falei que queríamos ir para o hotel Formule 1 e foi aí que ele se lembrou. Já criei esperança pois pelo menos agora teríamos uma noção de para onde ir. Mas minha alegria durou pouco com o que ele falou: “Vocês estão de carro aí né?”. Vocês tinham que ver a cara dele de pena quando a gente falou que não..

Falei que estávamos fazendo mochilão e que não teria problema ir andando, ele nos explicou mais ou menos o que fazer e disse que iria demorar uns 30 minutos ou mais andando. Depois falou que era do Suriname e também já havia feito um mochilao, sabia bem como era. Agradecemos e fomos andando seguindo a orientação dele, tinha mais ou menos uma idéia do que fazer, mas ainda estava sem confiança de para onde tinha que ir. Já eram quase 22 horas e não havíamos achado nosso hotel, e pior, o Luiz chegaria as 22:15 na estação central e ficamos de ir buscá-lo lá, apesar de ninguém estar conseguindo falar com ele..

Andamos um pouco e foi quando avistamos um casal vindo de bicicleta vindo no sentido contrario a gente, ativei o modo cara de pau e pedi ajuda para eles. Eles pararam e após eu falar que queria chegar no hotel, eles disseram que sabiam como chegar e ouvi de novo a mesma pergunta, “Vocês estão a pé?”..Rimos e falamos que sim hehe, eles nos explicaram de novo e pelo menos havíamos andado na direção certa, com a ajuda deles ficou mais fácil identificar onde estávamos e quais seriam os próximos pontos estratégicos para seguir,era só andar e na segunda ponte virar a esquerda. A partir daí era uma reta bem grande beirando uma estrada e andamos mais um tanto...

A primeira ponte chegou e continuamos andando, pensando que as coisas estavam começando a melhorar, andamos mais um pouco e chegamos em um viaduto, achamos estanho pois eles não haviam falado nada de viaduto, então continuamos andando, andando...e andando até chegar finalmente no fim da pista! E o fim da pista ficava na margem de um rio enorme, de onde do outro lado podíamos avistar algumas usinas e enormes fábricas, não havia nenhuma ponte, só um lugar para os carros entrarem e esperarem uma espécie de balsa que os levaria para o outro lado. Sentamos um pouco pois não sabíamos mais para onde ir. Avistamos então uma pista que ia beirando a margem do rio, continuação da pista que estávamos, nem iluminada era ela, mas era o único lugar possível para ir. Criamos coragem e fomos por ela,beirando o rio e sentindo que estávamos voltando de onde tínhamos vindo. Mais a frente vimos um carro vindo por essa pista e entrando em uma espécie de fábrica, fui até la para falar com o segurança e pedir alguma informação, ele disse que não sabia mas iria perguntar para uma outra pessoa, foi aí que do nada veio uma senhora falando que sabia, gesticulando e falando com toda a certeza do mundo, o único problema...ela não falava inglês e jurava que a gente estava entendendo o holandês dela. O Outro cara percebeu e após rir um pouco traduziu pra gente, falou que era só seguir a pista em que estávamos e que chegaríamos em uma ponte (essa ponte custou a ser achada) , deveríamos atravessá-la e avistaríamos o hotel do outro lado dela

Continuamos andando, e graças a Deus, avistamos a tal ponte. Andamos até chegar nela e foi aí que nos demos conta...o viaduto pelo qual passamos, era a prolongação da ponte, mas como não havia água, achamos que não tinhamos chegado nela ainda da outra vez. Atravessamos a ponte enfim e após andar mais um pouco, chegamos no nosso esperado hotel! Porém...ainda teríamos que buscar o Luiz. Conversando com o recepcionista nós finalmente entendemos onde estávamos. Zandam era um outro distrito, um setor totalmente afastado do centro de Amsterdã, para sair e chegar lá teríamos que pegar ônibus de conexão com a cidade e pra piorar a situação eles passavam em tempos determinados numa parada perto do hotel. Fizemos o check-in, deixamos as mochilas nos quartos e partimos, não havíamos conseguido ligar para o Luiz, teríamos que ir para o centro e esperar que eles estivesse por lá esperando por nós..

Pegamos o ônibus, éramos só nós e o motorista dentro dele, e após uns 5 minutos andando, mais uma coisa bizarra aconteceu..O motorista simplesmente parou o ônibus numa estação, tirou a malinha de dinheiro das passagens, tirou a chave da ignição, levantou, se despediu e...saiu!! Deixou o ônibus lá com nós 3 dentro dele, andou em direção ao carro dele e simplesmente foi embora. Nós não entendemos absolutamente nada e começamos a rir muito daquilo, veja abaixo:



Após 5 minutos, outro carro chegou, estacionou e outro motorista veio andando na direção do ônibus, ele chegou, deu boa noite, sentou e saiu dirigindo como se nada tivesse acontecido. Ele dirigiu por quase 40 minutos e finalmente, após toda essa jornada, chegamos no centro de Amsterdã e aí sim a cidade se parecia mais com uma capital. Fomos direto para a estação procurar o Luiz, e após rodar por lá, nada do menino. Já havíamos quase desistido, quando resolvemos ver porque não conseguíamos ligar para ele. Mudamos os códigos no telefone, trocamos numero, fizemos de tudo e uma hora, graças a Deus, ele atendeu! Falamos com ele e após 5 minutos nos encontramos. Estávamos acabados, cansados e com sono, mas pelo menos agora era só voltar para o hotel. Mas quem disse que voltar foi fácil??

Já havia acabado o turno do ônibus que saía da estação central para lá e teríamos que pegar outro ônibus em outro ponto da cidade, esse pelo menos ficava no centro e seria mais fácil achar.  Pegamos um mapa na estação e vimos que o lugar que queríamos ficava do outro lado do centro, decidimos ir andando, pois já havíamos perdido muito tempo e pelo menos assim veríamos um pouco mais da cidade,resolvemos descer pela Dan-Rak , a rua central da cidade,que além de ser longe do Red Light District (Aquele lugar que dá a fama à Amsterdan) era  bem movimentada, com vários restaurantes e que passava na praça onde está o castelo da família real holandesa.

Descemos quase tudo e nada de chegar o lugar que procurávamos, resolvi então pedir informação para alguém e um cara falou para pegarmos um taxi que era mais fácil, eu tentei falar com ele que preferíamos ir andando e ele só falou, “Entao vamos la, direita, esquerda, reto,direita, reto...confia em mim, eu sou daqui, você não vai entender”. Após o convincente argumento, passou um taxi logo em seguida e ele ainda chamou pra gente. Entramos no taxi e fomos em direção ao lugar onde ainda pegaríamos o ônibus. Chegamos, esperamos em torno de 15 minutos e conseguimos pegar o ônibus. Pelo que me lembro, foi o primeiro momento desde que chegamos em Amsterdã em que eu pude relaxar hehe, estávamos todos juntos e finalmente indo pro hotel. E lá fomos nós, mais 40 minutos no ônibus para chegamos no hotel.

Subimos para o quarto, e após tomar um banho capotei na cama, pois no dia seguinte teria que acordar cedo, para pegar o ônibus matinal e chegar cedo no centro para conhecer bem a cidade de Amsterdã.

Essa foi nossa primeira noite em Amsterdã, e eu fiquei cansado só de escrever aqui enquanto eu lembrava hehe, mas graças a Deus, o dia seguinte foi muito, mas muito melhor! Próximo post tem mais!

Grande Abraço!

Salut! et Au Revoir!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bélgica - Bruges

29 de outubro…

Acordamos as 6 da manha pois nosso trem para Bruges saíria as 7:05. Acabamos abrindo mão do café da manha mas tínhamos levado muitas barrinhas de cereal então deu pra disfarçar um pouco a fome. A estação não era muito longe de nosso hostel e em menos de 15 minutos ja havíamos chegado. Compramos o bilhete do trem e depois foi só esperar. O trem como sempre não atrasou e naquele momento estávamos nos despedindo da cidade de Bruxelas. A viagem de trem foi super tranqüila, não pudemos olhar a paisagem belga, pois lá fora estava um clima meio chuvoso e escuro e  apesar de ser quase 8 da manhã o sol não tinha feito questão de dar as caras, aproveitamos para revisar o roteiro e definir o que faríamos pela cidade que estava por vir.



E foi nesse clima de madrugada que chegamos após pouco mais de 1 hora de viagem à pequena e encantadora cidade de Bruges..

Saímos da estação e apesar de estar um pouco mais claro, o tempo ainda estava bem feio, caminhamos na direção da cidade e após atravessar uma pista, em menos de 3 minutos de caminhada, já estávamos andando por pequenas vielas, com as características casinhas grudadas à nossa volta e avistando ao longe algo que parecia ser uma torre.

Seguimos esse ponto de referência, andando e se enfiando pelas várias ruelas que a cidade te proporciona, aquele era o lugar perfeito para se perder, entrando sem rumo em alguma rua, e a cada curva que virávamos, fazíamos um passeio diferente, parece que cada casa e prédio da cidade foram construídos com o intuito de fazer com que a cidade como um todo fosse um belo ponto turístico.
             
Andamos mais um pouco, a cidade parecia não ter acordado ainda, fazia mais de 15 minutos que estávamos andando e havíamos visto apenas 2 pessoas na rua, tudo estava parado criando um clima de suspense no ar, foi aí que nos deparamos com a “Markt de Bruges”, a praça central da cidade que apesar de não ser tão imponente como a de Bruxelas, possui uma beleza extraordinária, com belos prédios a sua volta e uma enorme torre de onde em dias claros pode-se ver o mar do norte com o auxílio de um binóculo.
             


Tiramos algumas fotos por ali e continuamos a andar, ficaríamos somente até o meio da tarde na cidade e queríamos conhecer o máximo possível do lugar. As pessoas haviam começado a sair de suas casas e já podia se ver movimento nas ruas, nada agitado, mas pelo menos dando sinal de que moravam pessoas naquela cidade. Bruges é conhecida como a Veneza do Norte e foi naquele momento que entendemos o porquê, nos deparamos com um canal que dividia em duas aquela parte da cidade. Andamos seguindo o curso daquele canal, vendo de um lado prédios pequenos e algumas casinhas, no meio uma pista para carros e charretes (bem comuns por lá) e do outro a outra margem do canal. Era uma coisa muito legal de se ver, no meio da cidade passando um canal que viria a se dividir novamente, com várias pontezinhas ligando uma parte a outra.

Paramos em um supermarché para comer alguma e após andar mais 15 minutos percebemos que havíamos chegado ao final da cidade. Em menos de 1 hora havíamos cruzado toda a cidade de bruges hehe. Pegamos um mapa feito para mochileiros e resolvemos então visitar os principais pontos da cidade. 




A sensação que tivemos é que alguém tinha colocado Bruges dentro de uma redoma e parado o tempo por lá hehe. Os limites externos da cidade já eram totalmente diferentes daquilo que tínhamos acabado de ver.Como vimos a cidade por dentro, nós decidimos contornar a cidade por uma trilha bem agradável e “entrar” novamente naquele labirinto de casas medievais quando estivéssemos chegando mais perto do lugar que queríamos ir, nesse meio tempo passamos por alguns cataventos dando um ar bem campestre às irremediações de la petit Bruges.



 
Chegamos na altura da rua da prefeitura e nos enfiamos de novo nas vielas da cidade. Andamos mais um pouco e apesar de ser manhã feita, a cidade continuava num clima preguiçoso. Pelo menos longe do centro...Andamos mais um pouco até encontrarmos uma bela praça onde do nada, haviam brotados centenas de turistas.Por lá ficava o prédio da prefeitura, antigo castelo da família real e uma pequena igreja, que apesar de não ser tão grandiosa como muitas outras na Europa, atraía muitos turistas por um fato muito curioso... Diz a lenda que na épocas das cruzadas, os bravos guerreiros medievais trouxeram diretamente de Jerusalém um pedaço de pano com marcas de sangue. Até aí tudo bem, naquela época o que mais tinha era pano com sangue, mas segundo eles, aquele era o sangue do próprio Senhor Jesus e que caso fossem feitas orações, olhando paro o raro tecido, curas milagrosas aconteceriam.

A cidade de Bruges era muito visitada também por conta dessa “relíquia” e no momento que estávamos por lá ela seria colocada a mostra para quem quisesse tocar no recipiente que guardava o pano ou simplesmente vê-la. Acompanhei o Bruno que quis ver de perto e entramos na igreja onde estava acontecendo a mostra do objeto. Havia uma fila para quem quisesse se aproximar e fazer algumas preces tocando no recipiente. Pedi a Deus discernimento e orei bastante, pois estava me sentindo incomodado com tudo aquilo, minha vontade era de falar pra todo mundo que aquele pedaço de pano não tinha poder nenhum, que Jesus já havia ressuscitado há muito tempo e que não se precisa de nenhuma relíquia especial para encontrar cura no nome dEle. Entrei na fila e acho que acabei irritando o padre que guardava o vidrinho, pois fiquei apenas observando como um turista curioso o famoso pano hehe.

Saímos de lá e quando nos demos conta, a praça principal que havíamos ido de manhã era logo atrás de onde estávamos, voltamos pra lá, mas que naquele momento já estava cheia de gente e decidimos subir a enorme torre que tinha que citei. Esperamos algum tempo na fila e após inúmeros degraus, tínhamos uma bela vista de toda cidade. O sol tinha resolvido aparecer e a visão de lá de cima foi realmente muito bonita.



Depois de descer da torre fomos a outra igreja (essa enorme por sinal) que continha a famosa escultura “A madona e o menino” de Michelangelo. Tiramos algumas fotos com a incrível obra de arte, pois quando você vê em livro você não tem noção de quão perfeito é, ainda mais quando você se dá conta do trabalho que deu pra fazer aquilo com as ferramentas de antigamente.

Após o momento história da arte resolvemos ir almoçar e esperar o horário de nosso ônibus em um parque famoso da cidade. Outra fato curioso é que no restaurante que comemos tinha um pôster bem grande de um filme chamado “In Bruges”. Um filme que foi rodado na cidade e que fiquei curioso de ver após saber dessa história. Ainda corremos para comprar alguns chocolates por lá que estavam bem em conta e por serem belgas valiam muito a pena hehe.

Caminhamos em direção ao parque e ainda passamos por vários dos canais da cidade, vendo barcos levarem vários turistas para aquele passeio a la Veneza, sem contar os belos cenários que eram formados com as árvores com folhas de outono e os pequenos córregos que passavam por toda a cidade. Chegamos no parque e pudemos descansar um pouquinho,curtindo o clima agradável da cidade, depois andamos por mais 10 minutos e já estávamos de volta à mesma estação que havíamos chegado de manhã. 



Para concluir, Bruges foi uma das cidades que mais gostei de conhecer até hoje, tem um ar bem medieval com um charme único e um clima muito romântico. Quando casar quem sabe levo minha esposa para passear por lá hehe. 

Pegamos o ônibus pontualmente as 15 horas, dando adeus à Bélgica e seguindo para o próximo local, a agitada cidade de Amsterdã...

Grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!