quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Snowboard!

Esse post seria para contar o final da viagem anterior e falar sobre a cidade de Copenhaguen, mas vou fazer uma pausa e falar sobre mais um sonho realizado e mais uma meta cumprida ao vir passar esse tempo aqui na Europa.

O post de hoje é sobre a primeira vez que fiz Snowboard!

Foi dia 11 de dezembro de 2010, um sábado totalmente único, marcado por uma paisagem sem igual e emoções que não tem como descrever com junções de palavras. Se me pedirem pra descrever o Snowboard em duas palavras, eu daria a seguinte resposta: Força de vontade (São mais que 2 palavras, mas vocês captaram o espírito da coisa). O porquê eu conto agora...

A gente saiu de casa cedo, 5 e meia da manhã, iríamos pegar o ônibus da agência na qual compramos o passeio na praça Bellecour e não queríamos chegar atrasados. Praticamente todos a brasileirada do prédio foi nesse passeio, e ainda contamos com a presença de 3 amigos brasileiros que moram em outras cidades e vieram passar o final de semana aqui em casa para poder ir esquiar também.
Chegamos com antecedência no local de encontro e daí foi só esperar para partir, uma espera bem chata, pois vocês não tem noção da ansiedade que eu tava pra chegar, subir na prancha e descer a montanha!
A viagem foi super tranqüila, fomos conversando, falando de nossas expectativas, lançando desafios entre os homens e após aproximadamente 2 horas e 30 minutos chegamos ao pé do Alpes d’Huez. Levamos mais uns 20 minutos para chegar na estação, mas a subida na montanha já valera o passeio e a vista que tínhamos a media que subíamos era uma coisa que chega a ser absurda de tão linda.



Desci do ônibus parecendo menino quando vai pra parque de diversões, pulando, inquieto, olhando tudo, dando murro de empolgação nos brothers,etc. Enquanto comíamos o lanchinho que a empresa tinha dado pra gente aproveitei para observar ainda mais o local. Lá em cima havia uma verdadeira cidadezinha, com hotéis, restaurantes, lojas, tudo construído para capitalizar algo que tinha aos montes por lá, neve! O lugar era muito bem estruturado, tudo bem dividido e fácil de localizar, quando você entra no centro comercial, fica difícil lembrar que se está em cima de uma montanha. Após lanchar fomos diretamente na loja de equipamentos pegar as pranchas que tínhamos reservado. A fila estava um pouco grande, mas nada naquele dia podia tirar meu bom humor. Chegou a minha vez e perdi uns 20 minutos só para achar uma bota que coubesse hehe. Fomos em seguida pegar a prancha e nesse momento o coração já tava batendo ainda mais forte, eu iria fazer snowboard!
Saímos voados da loja e fomos para o primeiro teleférico que vimos, coloquei o pé esquerdo na prancha para poder caminhar até o teleférico e daí, foi só esperar a subida.
A subida no teleférico foi outra coisa que surpreende, íamos sentados, subindo e admirando a paisagem à nossa volta, não tem como descrever. Chegamos ao topo, realizados com aquele pequeno passeio que tínhamos acabado de fazer.



Bom...Estávamos lá em cima, com a prancha no pé, e só havia um jeito de descer...Era tudo que eu havia pedido a Deus hehehe! Atarrachei o outro pé na prancha, me levantei e sem nem querer, deslizei meu primeiro percurso (de 2 metros). Parecia tranqüilo, era um pouco estranho ter os 2 pés presos à uma prancha, mas eu pensava, “Poww, já andei de sk8, isso aqui vai ser mole mole”. Nunca na minha vida eu havia estado tão enganado, e nunca na minha vida o meu orgulho me derrubou tantas vezes (literalmente!).
Comecei a descer a montanha e em menos de poucos metros, vi que tava ficando muito rápido, fui tentar freiar e...Primeira queda..Quero falar aqui que pra quem pensa que neve é fofinha e rola de ficar metendo as costas, barriga, cabeça, ombro o tempo todo nela, já aviso logo que não é nem um pouco do jeito que vocês tão pensando! Doeu demais essa primeira queda, foi daquelas que você cai, bate e fica se perguntando se tem algum lugar que não tá doendo. Eu fiquei no chão, com um sorriso do tipo, “Hahaha isso vai ser massa!”. E realmente foi! A gente só caía!! No começo da descida o corpo ainda tinha forças e dava pra “Escorregar” por um trecho maior antes de meter alguma parte do corpo no chão.
Nós não sabíamos naquela hora, mas as pistas eram divididas em cores por dificuldade, começando do verde, azul, vermelho e preto. Estávamos descendo aos trancos e barrancos uma pista vermelha, e o pior é que enquanto a gente morria pra conseguir fazer alguma coisa, passava aqueles bixos viciados do seu lado, fazendo tudo de forma fácil e te fazendo parecer o cara mais idiota da pista hehe. Ainda bem que o Bruno e o Henrique tavam comigo, então pelo menos um dos três tava no chão alguma hora. Uma dessas horas eu apenas parei e dei mais uma olhada ao cenário sem igual que me circundava. Estávamos a mais de 1900 metros de altura e era possível ver várias montanhas brancas ao horizonte, formando inúmeros vales entre si, parecia que eu estava no topo do mundo e a sensação era incrível. Se alguém ainda duvida que o mundo foi criado de forma consciente, recomendo fortemente uma subida à alguma montanha bem alta.



Bom, não tem como mesurar o tanto de vezes que a gente caiu, não mesmo...Mas como eu disse no começo do post, snow se resume há uma coisa, Força de vontade. Por mais que eu tivesse doído, caído e com o orgulho e moral feridas, eu tentei continuar, tentei levantar e uma hora, sem perceber, já estava tendo um pouco mais de controle sobre a prancha e o que ela fazia. A neve me derrubou de novo pra me colocar no meu devido lugar, mas fiquei feliz pois vi que ainda tinha esperança.
Finalmente, depois de aproximadamente 1 hora, havíamos descido a montanha (levamos cerca de 10 minutos pra subir) e resolvemos tirar uns minutos pra descansar. Eu mal conseguia andar, mas ainda tinha muito tempo pela frente e eu queria sair de lá com a base bem firmada. Graças a Deus achamos em seguida uma pista verde , bem curtinha e perfeita para aprender, (Bateu o arrependimento depois de não ter começado por ali antes hehe) mas ainda assim o número de quedas era incontável.
Essa parte foi bem melhor e ficamos um bom tempo ali. Me arrisquei depois em uma pista verde maior e foi aí que começou a ficar produtivo hehe. Estava conseguindo descer a pista toda, caindo umas 3 ou 4 vezes no máximo, por falta de atenção mesmo e já sentia que estava dominando a parada. Mas infelizmente já tava tarde e era hora de voltar pra casa.



Voltei para casa realizado com uma mistura de pensamentos, meu orgulho fora ferido e tava tudo doendo, mas ao mesmo tempo, aquele cenário tinha me fascinado e percebi que no final do dia eu tinha pego o jeitão da coisa. Fiquei imaginando como seria se tivesse feito esse ou aquele movimento, como seria se fizesse isso ou aquilo, eu precisava voltar e fazer aquilo mais uma vez. Foi aí que me dei conta do que estava acontecendo, eu tinha viciado!
Voltamos para casa naquele dia e tudo que queríamos era dormir, foi um dia único, mais um daqueles pra marcar na agenda como especial e mais um sonho para marcar como realizado. Eu realmente havia viciado e no sábado seguinte eu voltaria a fazer snow em outra estação. Esse foi um dia bem diferente, onde as quedas não eram a regra e sim as exceções, mas essa história, eu conto outro dia...
Um Grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Holanda - Amsterdã (Segundo Dia)

Acordamos umas 8 horas da manhã só porque queríamos aproveitar bem a cidade, porque se dependesse do cansaço a gente ia acordar pra lá de meio dia hehe. Arrumamos as coisas e descemos para o café. Ele era pago e nem era tão bom, mas eu criei um caso por lá e acabamos ganhando de graça, pois no site do hotel falava que tinha banheiro dentro dos quartos e quando chegamos por lá não era nada do que mostrava no site, falei que havíamos sido enganados e tudo mais e no final das contas a mulher acabou cedendo.
                Terminado o lanche fomos direto para a parada esperar o ônibus que nos levaria de novo para o centro, dessa vez pra ficar por lá. Mais 40 minutos de viagem e chegamos na estação central por volta das 9 e meia. O dia estava bem mais bonito, o sol tava aberto e tinha bastante gente na rua, mas um fato bem curioso de Amsterdã que impressiona todos os turistas, é a quantidade de bicicletas que se vê, tem muita, mas muita, mas muuita bicicleta! O terreno todo da Holanda é muito plano, eles ganharam espaço roubando terra do mar e isso facilita muito o uso desse meio de transporte. Tem tanta bicicleta por lá que existe estacionamento de 2 andares só para bicicletas hehe.



Por lá pedimos informação de como chegar no endereço do outro hostel e decidimos ir direto pra lá deixar as coisas e depois voltar para andar pela cidade. Compramos o bilhete de transporte da cidade e pegamos um tram (Um tipo de bonde que passa pelo meio da cidade) para o local indicado. Pelo mapa parecia ser bem mais perto, mas demorou muito mais do que a gente imaginou hehe. Meia hora depois, chegamos no hostel e deixamos as coisas por lá, esperamos o mesmo tram para voltar e lá se foram mais meia hora, ao chegar no primeiro local a ser visitado, demos de cara com uma fila enorme e lá se foram mais meia hora hehe.
                Resumindo, perdemos a manhã quase toda, e já estávamos começando a achar que não conseguiríamos conhecer bem a cidade, mas perto de meio dia, entramos no nosso primeiro ponto turístico, e os momentos que passamos lá compensaram cada minuto, havíamos chegado na casa de Anne Frank...
                Anne Frank e sua família eram judeus e moravam em Amsterdã na época da segunda guerra mundial, após a dominação alemã na cidade, os judeus começaram a ser perseguidos e com o passar do tempo, passaram a ser enviados para os campos de concentração nazista. A história de Anne se difere pois durante dois anos de ocupação, ela, sua família e outra família judia ficaram escondidos em uma casa de um amigo holandês do pai de Anne. Havia um esconderijo dentro da casa todo adaptado para que eles pudessem “sobreviver” lá dentro. E durante todo o tempo em que ela ficou “imersa”, Anne escreveu um diário para contar o dia a dia de sua vida como refugiada.
                Certo dia a polícia secreta alemã recebeu uma denúncia anônima e todos eles foram encontrados e mandados para o campo de concentração. Alguns anos depois, todos eles morreram, exceto o pai de Anne. Ao voltar para Amsterdã ele encontrou o diário de sua filha e após algum tempo resolveu publicá-lo para salvar a memória dela. O livro virou um Best-seller e hoje, “O diário de Anne Frank” já foi traduzido para diversas línguas no mundo todo.
                Quando a gente houve ou lê história desse tipo de coisa geralmente não conseguimos sentir o impacto que isso causa. Eu sabia da história, mas confesso que ao entrar na casa e ver a fundo os detalhes de tudo que aconteceu, fiquei arrepiado e emocionado...A casa hoje virou um museu que te permite passear pelos seus cômodos, com guias iterativos que contam a história do dia a dia da família Frank durante a ocupação. Era uma sensação de tristeza ao entrar no esconderijo apertado e imaginar como eles passaram 2 anos vivendo num lugar daqueles. A medida que íamos andando pela casa a história era sendo contada em ordem cronológica, relatando também o período em que os membros da família morreram no campo nazista. Terminava por fim contando a história do pai no período pós guerra , a história da publicação do livro e o surgimento da instituição Anne Frank. Foi um passeio totalmente diferente, indispensável para quem vai a Amsterdã e que deixa qualquer pessoa emocionada.
Em seguida fomos caçar o museu de Van Gogh, e no meio do caminho acabamos achando uma placa enorme para as pessoas poderem tirar foto que dizia “I AMsterdã”, estilo aquela que tem por aqui em Lyon.Tava cheio de gente em volta querendo tirar a sua própria foto, mas a gente acabou conseguindo achar um espacinho hehe.



Depois fomos direto para o museu que era bem pertinho e chegando la, tome mais fila hehe. Bom que deu tempo pra gente comprar nosso “almoço” numa barraquinha de cachorro quente que tinha por perto.
Entramos no museu do Van Gogh, famoso pinto holandês que cortou a própria orelha num surto de loucura (descobri isso por lá hehe) e confesso que não achei muito interessante, acho que ainda tava surpreso com o museu anterior hehe, mas rodamos os três andares do prédio e tirando um quadro ou outro que a gente sabia que era famoso, (pois tinha visto na escola em artes) não tinha muita coisa impressionante (Impressionista tinha bastante hehehe). Valeu a visita para conhecer, ele foi uma pessoa importante na história da arte mas descobri que não sou muito fã de ficar olhando pra quadro não.
Acabando o passeio, resolvemos andar sem rumo pelo centro e nos deixar perder pelos inúmeros canais da cidade. Foi nesse momento que conhecemos a verdadeira beleza da cidade. Amsterdã se parece muito com uma teia de aranha, várias circunferências formadas por cruzamentos de ruas e canais que vão convergindo até chegarem numa grande praça central, são mais de 1200 pontezinhas ligando uma rua a outra, então já vale o passeio ficar passeando por esse labirinto de pontes e observar os barcos passando lá embaixo nos inúmeros canais.



A cidade é realmente muito liberal, passamos em frente a diversos coffes shops, lugares onde a maconha é vendida de graça, e só pode ser consumida dentro desses estabelecimentos. A questão por lá é que tudo é permitido nos devidos lugares, então pra quem quer somente passear e não ser incomodado por esse tipo de coisa pode ficar tranqüilo, a cidade te permite isso.
Mas o mais importante, é que Amsterdã é muito viva e animada, muita gente na rua, incluindo turistas e nativos e é super segura, a polícia está presente em todos os lugares e sendo assim ninguém te incomoda por lá. Foi bem legal passear pelo centro de Amsterdã, e abaixo um vídeo mostando um pouco mais de como é por lá...



Em seguida continuamos andando pelas pontes e tirando várias fotos. Já tinha escurecido e resolvemos voltar para o centro para comer alguma coisa. Demos sorte, pois havia um parque de diversões montado naquela semana e várias barraquinhas de comida em volta. Fomos lanchar em uma barraquinha de comida alemã e ficamos por lá curtindo as luzes e a movimentação do parque. Terminamos de comer e fomos andar um pouco mais pelos canais da cidade, a noite é um passeio totalmente novo e igualmente bonito. Andamos um pouco mais e eu estava sempre atento para não entrar em uma rua e ter alguma “surpresa” hehe. Foi aí que mais a frente eu vi a indicação das placas e terminei meu passeio por ali hehe, logo adiante ficava o Red Light District, local que abriga as ruas de Amsterdã das quais todo mundo conhece a fama.
Voltei então pelo mesmo caminho e satisfeito pois havia conhecido tudo que queria e passeado bastante pela cidade. Peguei o metrô, mais meia hora...e cheguei enfim no hostel. Dessa vez o banheiro realmente era no quarto e deu pra descansar bem mais nessa noite.

Concluindo, apesar da fama que tem, Amsterdã é muito linda, e não é preciso olhar nenhuma “janela” para se divertir por lá. Há várias Amsterdãs dentro de Amsterdã e qualquer pessoa pode aproveitar bastante a cidade.
Um grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!

sábado, 20 de novembro de 2010

Holanda - Amsterdã (Primeiro Dia)

A viagem de ônibus foi muito legal, cortamos toda a Bélgica, passando por famosas cidades como Antuérpia e vendo de perto a paisagem do interior do país. Foi quando sem nos darmos conta, já estávamos vendo placas e mais placas num idioma que não fazia sentido nenhum para nenhum de nós. Só percebemos que estávamos na Holanda quando tivemos que parar para alguns agentes da fronteira poderem subir no ônibus e conferir os passaportes dos passageiros. Deu tudo certo e seguimos viagem, chegando as 20 horas da noite em Amsterdã.



Chegamos na rodoviária e estávamos mais perdidos que tudo, sabíamos o endereço do hotel que ficaríamos mas não sabíamos o que fazer para chegar lá. A vantagem é que havia uma estação de trem anexada à rodoviária e fomos até o balcão de informações para pedir orientação. A atendente não era das mais simpáticas, mas descobrimos que tínhamos que pegar um trem para Zandan, região onde estava localizado nosso albergue, mal sabíamos nós que era muito mais longe do que pensávamos...

Compramos um bilhete pro trem e fomos para o local que o vendedor nos informou. O único problema é que a placa com os nomes e horários dos trens era mais confusa que tudo, só sabíamos que nosso trem sairia em 10 minutos na pista de número 8. Fomos para lá e após um tempinho parou um trem por lá, não sabíamos ao certo se era o nosso, mas ia na direção indicada e tinha chegado no tempo estimado pelo vendedor, não pensamos muito e já entramos nele. Mas foi no meio do caminho que descobrimos que aquilo era somente um metrô e não ia para o nosso destino. Descemos na estação central, pois de lá quem sabe poderíamos pegar um outro para o local do nosso hotel. O problema é que na Holanda o sistema de transporte não é tão bom quanto o de nossa bela Lyon. Achávamos que o bilhete que tínhamos comprado valia para tudo, mas ao tentar sair da catraca, a luzinha vermelha piscou e a porta não se abriu, tentamos de novo, mas mais uma vez sem sucesso. E foi aí que a coisa ficou engraçada..

A porta que o Henrique estava tinha se aberto pois uma mulher havia passado, e ele conseguiu passar a tempo antes de fechar, mas nós ainda estávamos presos lá atrás. Quando olhamos novamente para o Henrique, vimos um segurança do local ao lado dele com uma cara não muito amigável, já ficamos gelados imaginando o que teria acontecido, e poucos segundos depois, vimos mais 2 seguranças vindo na nossa direção...Eles já vieram acusando que a gente tava tentando aprontar e fraudar a catraca, mas a vantagem da Holanda é que todo mundo naquele país percebeu que a língua que eles falam só eles entendem, então praticamente todo holandês fala inglês fluentemente. Expliquei para ele que havíamos comprado o bilhete na estação anterior e que queríamos chegar em Zandam. Ele me falou que aquilo que havíamos comprado era um bilhete de trem e que não valia ali, e já queria fazer a gente gastar mais dinheiro comprando o bilhete do metrô. Nisso o segurança que havia abordado o Henrique chegou com ele perto da gente. Eu falei que não ia comprar,  que se ele quisesse eu voltaria para a estação que havia pego o metrô e pegaria de lá o trem. Os seguranças que estavam com a gente ficaram com uma cara meio feia, mas o outro foi mais tranqüilo e falou que não tinha problema. Agradeci a ele e pedi desculpas pelo incoveniente, e ele ainda falou que não tínhamos que nos preocupar pois não sabíamos como funcionava e não tínhamos culpa nenhuma.

E lá fomos nós, pegando o metrô de volta de onde havíamos chegado. Ao chegar lá fomos novamente para a pista do trem, mas dessa vez perguntei para uma senhora que estava por lá esperando qual era o trem que devia pegar, ela foi super gentil e falou que nos avisaria quando ele chegasse. Não esperamos muito e ela nos indicou o trem certo, dessa vez entramos e sabíamos que estávamos indo para o lugar certo. Sentamos mais tranqüilos imaginando que em pouco tempo estaríamos no nosso hotel, leigo engano...

O trem andava e não chegava nunca na nossa estação. Ficamos preocupados, mas estávamos indo para o lugar certo de acordo com o mapa. Andamos mais um pouco e finalmente ouvimos a chamada para quem fosse descer em Zandam. Descemos e a estação estava praticamente deserta. Eu achei que ao chegar em Amsterdã veria movimento pra tudo que é lado, mas ao olharmos em volta a cidade estava morta, tava muito estranho aquilo tudo. Olhamos as placas e vimos algumas que indicavam “Centrum”, fomos andando nessa direção esperando que achássemos alguma coisa. Nós estávamos completamente perdidos, estávamos em Zandam mas não tínhamos idéia de como chegar na rua do hotel. E pra piorar a situação não tinha nada aberto pra podermos perguntar. Nós estávamos em algum lugar muito longe de tudo hehe. Andamos um pouco e finalmente achamos um restaurante aberto, entrei para pedir ajuda e pelo menos a atendente la foi gente boa, ela falou que não sabia, mas foi chamar um amigo dela para nos ajudar. Mostrei a rua que queríamos ir, mas ele não pareceu saber onde ficava, falei que queríamos ir para o hotel Formule 1 e foi aí que ele se lembrou. Já criei esperança pois pelo menos agora teríamos uma noção de para onde ir. Mas minha alegria durou pouco com o que ele falou: “Vocês estão de carro aí né?”. Vocês tinham que ver a cara dele de pena quando a gente falou que não..

Falei que estávamos fazendo mochilão e que não teria problema ir andando, ele nos explicou mais ou menos o que fazer e disse que iria demorar uns 30 minutos ou mais andando. Depois falou que era do Suriname e também já havia feito um mochilao, sabia bem como era. Agradecemos e fomos andando seguindo a orientação dele, tinha mais ou menos uma idéia do que fazer, mas ainda estava sem confiança de para onde tinha que ir. Já eram quase 22 horas e não havíamos achado nosso hotel, e pior, o Luiz chegaria as 22:15 na estação central e ficamos de ir buscá-lo lá, apesar de ninguém estar conseguindo falar com ele..

Andamos um pouco e foi quando avistamos um casal vindo de bicicleta vindo no sentido contrario a gente, ativei o modo cara de pau e pedi ajuda para eles. Eles pararam e após eu falar que queria chegar no hotel, eles disseram que sabiam como chegar e ouvi de novo a mesma pergunta, “Vocês estão a pé?”..Rimos e falamos que sim hehe, eles nos explicaram de novo e pelo menos havíamos andado na direção certa, com a ajuda deles ficou mais fácil identificar onde estávamos e quais seriam os próximos pontos estratégicos para seguir,era só andar e na segunda ponte virar a esquerda. A partir daí era uma reta bem grande beirando uma estrada e andamos mais um tanto...

A primeira ponte chegou e continuamos andando, pensando que as coisas estavam começando a melhorar, andamos mais um pouco e chegamos em um viaduto, achamos estanho pois eles não haviam falado nada de viaduto, então continuamos andando, andando...e andando até chegar finalmente no fim da pista! E o fim da pista ficava na margem de um rio enorme, de onde do outro lado podíamos avistar algumas usinas e enormes fábricas, não havia nenhuma ponte, só um lugar para os carros entrarem e esperarem uma espécie de balsa que os levaria para o outro lado. Sentamos um pouco pois não sabíamos mais para onde ir. Avistamos então uma pista que ia beirando a margem do rio, continuação da pista que estávamos, nem iluminada era ela, mas era o único lugar possível para ir. Criamos coragem e fomos por ela,beirando o rio e sentindo que estávamos voltando de onde tínhamos vindo. Mais a frente vimos um carro vindo por essa pista e entrando em uma espécie de fábrica, fui até la para falar com o segurança e pedir alguma informação, ele disse que não sabia mas iria perguntar para uma outra pessoa, foi aí que do nada veio uma senhora falando que sabia, gesticulando e falando com toda a certeza do mundo, o único problema...ela não falava inglês e jurava que a gente estava entendendo o holandês dela. O Outro cara percebeu e após rir um pouco traduziu pra gente, falou que era só seguir a pista em que estávamos e que chegaríamos em uma ponte (essa ponte custou a ser achada) , deveríamos atravessá-la e avistaríamos o hotel do outro lado dela

Continuamos andando, e graças a Deus, avistamos a tal ponte. Andamos até chegar nela e foi aí que nos demos conta...o viaduto pelo qual passamos, era a prolongação da ponte, mas como não havia água, achamos que não tinhamos chegado nela ainda da outra vez. Atravessamos a ponte enfim e após andar mais um pouco, chegamos no nosso esperado hotel! Porém...ainda teríamos que buscar o Luiz. Conversando com o recepcionista nós finalmente entendemos onde estávamos. Zandam era um outro distrito, um setor totalmente afastado do centro de Amsterdã, para sair e chegar lá teríamos que pegar ônibus de conexão com a cidade e pra piorar a situação eles passavam em tempos determinados numa parada perto do hotel. Fizemos o check-in, deixamos as mochilas nos quartos e partimos, não havíamos conseguido ligar para o Luiz, teríamos que ir para o centro e esperar que eles estivesse por lá esperando por nós..

Pegamos o ônibus, éramos só nós e o motorista dentro dele, e após uns 5 minutos andando, mais uma coisa bizarra aconteceu..O motorista simplesmente parou o ônibus numa estação, tirou a malinha de dinheiro das passagens, tirou a chave da ignição, levantou, se despediu e...saiu!! Deixou o ônibus lá com nós 3 dentro dele, andou em direção ao carro dele e simplesmente foi embora. Nós não entendemos absolutamente nada e começamos a rir muito daquilo, veja abaixo:



Após 5 minutos, outro carro chegou, estacionou e outro motorista veio andando na direção do ônibus, ele chegou, deu boa noite, sentou e saiu dirigindo como se nada tivesse acontecido. Ele dirigiu por quase 40 minutos e finalmente, após toda essa jornada, chegamos no centro de Amsterdã e aí sim a cidade se parecia mais com uma capital. Fomos direto para a estação procurar o Luiz, e após rodar por lá, nada do menino. Já havíamos quase desistido, quando resolvemos ver porque não conseguíamos ligar para ele. Mudamos os códigos no telefone, trocamos numero, fizemos de tudo e uma hora, graças a Deus, ele atendeu! Falamos com ele e após 5 minutos nos encontramos. Estávamos acabados, cansados e com sono, mas pelo menos agora era só voltar para o hotel. Mas quem disse que voltar foi fácil??

Já havia acabado o turno do ônibus que saía da estação central para lá e teríamos que pegar outro ônibus em outro ponto da cidade, esse pelo menos ficava no centro e seria mais fácil achar.  Pegamos um mapa na estação e vimos que o lugar que queríamos ficava do outro lado do centro, decidimos ir andando, pois já havíamos perdido muito tempo e pelo menos assim veríamos um pouco mais da cidade,resolvemos descer pela Dan-Rak , a rua central da cidade,que além de ser longe do Red Light District (Aquele lugar que dá a fama à Amsterdan) era  bem movimentada, com vários restaurantes e que passava na praça onde está o castelo da família real holandesa.

Descemos quase tudo e nada de chegar o lugar que procurávamos, resolvi então pedir informação para alguém e um cara falou para pegarmos um taxi que era mais fácil, eu tentei falar com ele que preferíamos ir andando e ele só falou, “Entao vamos la, direita, esquerda, reto,direita, reto...confia em mim, eu sou daqui, você não vai entender”. Após o convincente argumento, passou um taxi logo em seguida e ele ainda chamou pra gente. Entramos no taxi e fomos em direção ao lugar onde ainda pegaríamos o ônibus. Chegamos, esperamos em torno de 15 minutos e conseguimos pegar o ônibus. Pelo que me lembro, foi o primeiro momento desde que chegamos em Amsterdã em que eu pude relaxar hehe, estávamos todos juntos e finalmente indo pro hotel. E lá fomos nós, mais 40 minutos no ônibus para chegamos no hotel.

Subimos para o quarto, e após tomar um banho capotei na cama, pois no dia seguinte teria que acordar cedo, para pegar o ônibus matinal e chegar cedo no centro para conhecer bem a cidade de Amsterdã.

Essa foi nossa primeira noite em Amsterdã, e eu fiquei cansado só de escrever aqui enquanto eu lembrava hehe, mas graças a Deus, o dia seguinte foi muito, mas muito melhor! Próximo post tem mais!

Grande Abraço!

Salut! et Au Revoir!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bélgica - Bruges

29 de outubro…

Acordamos as 6 da manha pois nosso trem para Bruges saíria as 7:05. Acabamos abrindo mão do café da manha mas tínhamos levado muitas barrinhas de cereal então deu pra disfarçar um pouco a fome. A estação não era muito longe de nosso hostel e em menos de 15 minutos ja havíamos chegado. Compramos o bilhete do trem e depois foi só esperar. O trem como sempre não atrasou e naquele momento estávamos nos despedindo da cidade de Bruxelas. A viagem de trem foi super tranqüila, não pudemos olhar a paisagem belga, pois lá fora estava um clima meio chuvoso e escuro e  apesar de ser quase 8 da manhã o sol não tinha feito questão de dar as caras, aproveitamos para revisar o roteiro e definir o que faríamos pela cidade que estava por vir.



E foi nesse clima de madrugada que chegamos após pouco mais de 1 hora de viagem à pequena e encantadora cidade de Bruges..

Saímos da estação e apesar de estar um pouco mais claro, o tempo ainda estava bem feio, caminhamos na direção da cidade e após atravessar uma pista, em menos de 3 minutos de caminhada, já estávamos andando por pequenas vielas, com as características casinhas grudadas à nossa volta e avistando ao longe algo que parecia ser uma torre.

Seguimos esse ponto de referência, andando e se enfiando pelas várias ruelas que a cidade te proporciona, aquele era o lugar perfeito para se perder, entrando sem rumo em alguma rua, e a cada curva que virávamos, fazíamos um passeio diferente, parece que cada casa e prédio da cidade foram construídos com o intuito de fazer com que a cidade como um todo fosse um belo ponto turístico.
             
Andamos mais um pouco, a cidade parecia não ter acordado ainda, fazia mais de 15 minutos que estávamos andando e havíamos visto apenas 2 pessoas na rua, tudo estava parado criando um clima de suspense no ar, foi aí que nos deparamos com a “Markt de Bruges”, a praça central da cidade que apesar de não ser tão imponente como a de Bruxelas, possui uma beleza extraordinária, com belos prédios a sua volta e uma enorme torre de onde em dias claros pode-se ver o mar do norte com o auxílio de um binóculo.
             


Tiramos algumas fotos por ali e continuamos a andar, ficaríamos somente até o meio da tarde na cidade e queríamos conhecer o máximo possível do lugar. As pessoas haviam começado a sair de suas casas e já podia se ver movimento nas ruas, nada agitado, mas pelo menos dando sinal de que moravam pessoas naquela cidade. Bruges é conhecida como a Veneza do Norte e foi naquele momento que entendemos o porquê, nos deparamos com um canal que dividia em duas aquela parte da cidade. Andamos seguindo o curso daquele canal, vendo de um lado prédios pequenos e algumas casinhas, no meio uma pista para carros e charretes (bem comuns por lá) e do outro a outra margem do canal. Era uma coisa muito legal de se ver, no meio da cidade passando um canal que viria a se dividir novamente, com várias pontezinhas ligando uma parte a outra.

Paramos em um supermarché para comer alguma e após andar mais 15 minutos percebemos que havíamos chegado ao final da cidade. Em menos de 1 hora havíamos cruzado toda a cidade de bruges hehe. Pegamos um mapa feito para mochileiros e resolvemos então visitar os principais pontos da cidade. 




A sensação que tivemos é que alguém tinha colocado Bruges dentro de uma redoma e parado o tempo por lá hehe. Os limites externos da cidade já eram totalmente diferentes daquilo que tínhamos acabado de ver.Como vimos a cidade por dentro, nós decidimos contornar a cidade por uma trilha bem agradável e “entrar” novamente naquele labirinto de casas medievais quando estivéssemos chegando mais perto do lugar que queríamos ir, nesse meio tempo passamos por alguns cataventos dando um ar bem campestre às irremediações de la petit Bruges.



 
Chegamos na altura da rua da prefeitura e nos enfiamos de novo nas vielas da cidade. Andamos mais um pouco e apesar de ser manhã feita, a cidade continuava num clima preguiçoso. Pelo menos longe do centro...Andamos mais um pouco até encontrarmos uma bela praça onde do nada, haviam brotados centenas de turistas.Por lá ficava o prédio da prefeitura, antigo castelo da família real e uma pequena igreja, que apesar de não ser tão grandiosa como muitas outras na Europa, atraía muitos turistas por um fato muito curioso... Diz a lenda que na épocas das cruzadas, os bravos guerreiros medievais trouxeram diretamente de Jerusalém um pedaço de pano com marcas de sangue. Até aí tudo bem, naquela época o que mais tinha era pano com sangue, mas segundo eles, aquele era o sangue do próprio Senhor Jesus e que caso fossem feitas orações, olhando paro o raro tecido, curas milagrosas aconteceriam.

A cidade de Bruges era muito visitada também por conta dessa “relíquia” e no momento que estávamos por lá ela seria colocada a mostra para quem quisesse tocar no recipiente que guardava o pano ou simplesmente vê-la. Acompanhei o Bruno que quis ver de perto e entramos na igreja onde estava acontecendo a mostra do objeto. Havia uma fila para quem quisesse se aproximar e fazer algumas preces tocando no recipiente. Pedi a Deus discernimento e orei bastante, pois estava me sentindo incomodado com tudo aquilo, minha vontade era de falar pra todo mundo que aquele pedaço de pano não tinha poder nenhum, que Jesus já havia ressuscitado há muito tempo e que não se precisa de nenhuma relíquia especial para encontrar cura no nome dEle. Entrei na fila e acho que acabei irritando o padre que guardava o vidrinho, pois fiquei apenas observando como um turista curioso o famoso pano hehe.

Saímos de lá e quando nos demos conta, a praça principal que havíamos ido de manhã era logo atrás de onde estávamos, voltamos pra lá, mas que naquele momento já estava cheia de gente e decidimos subir a enorme torre que tinha que citei. Esperamos algum tempo na fila e após inúmeros degraus, tínhamos uma bela vista de toda cidade. O sol tinha resolvido aparecer e a visão de lá de cima foi realmente muito bonita.



Depois de descer da torre fomos a outra igreja (essa enorme por sinal) que continha a famosa escultura “A madona e o menino” de Michelangelo. Tiramos algumas fotos com a incrível obra de arte, pois quando você vê em livro você não tem noção de quão perfeito é, ainda mais quando você se dá conta do trabalho que deu pra fazer aquilo com as ferramentas de antigamente.

Após o momento história da arte resolvemos ir almoçar e esperar o horário de nosso ônibus em um parque famoso da cidade. Outra fato curioso é que no restaurante que comemos tinha um pôster bem grande de um filme chamado “In Bruges”. Um filme que foi rodado na cidade e que fiquei curioso de ver após saber dessa história. Ainda corremos para comprar alguns chocolates por lá que estavam bem em conta e por serem belgas valiam muito a pena hehe.

Caminhamos em direção ao parque e ainda passamos por vários dos canais da cidade, vendo barcos levarem vários turistas para aquele passeio a la Veneza, sem contar os belos cenários que eram formados com as árvores com folhas de outono e os pequenos córregos que passavam por toda a cidade. Chegamos no parque e pudemos descansar um pouquinho,curtindo o clima agradável da cidade, depois andamos por mais 10 minutos e já estávamos de volta à mesma estação que havíamos chegado de manhã. 



Para concluir, Bruges foi uma das cidades que mais gostei de conhecer até hoje, tem um ar bem medieval com um charme único e um clima muito romântico. Quando casar quem sabe levo minha esposa para passear por lá hehe. 

Pegamos o ônibus pontualmente as 15 horas, dando adeus à Bélgica e seguindo para o próximo local, a agitada cidade de Amsterdã...

Grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mochilão! (Bélgica - Bruxelas)

Falaa galera! 

Estou de volta do meu primeiro mochilão e foi tudo muuuito massa! Tirando que o orçamento pra viagem ultrapassou um pouco o estipulado (Chocolates belgas foram os culpados) deu tudo certo hehe!
Vou dividir a viagem em 3 ou 4 posts, dependendo do tamanho de cada um e assim vai dar pra contar detalhadamente minhas aventuras vividas em cada país.

E essa aventura começou no dia 28 de outubro...

Acordei cedo para arrumar a mochila e conferir se estava tudo em ordem. A empolgacao era muito grande, preparei a mala pensando cuidadosamente em cada dia e nao tinha como nao imaginar o que me esperaria nessa viagem. nosso voo estava marcado para o começo da tarde e nos programamos para chegar uma hora antes no aeroporto. O que nao lembramos foi que o tem que saia da estacao central de lyon só passava de meia em meia hora e quando nos demos contra disso faltavam apenas cinco minutos para o próximo trem. Imaginem 3 mlks com mochilas nas costas correndo no meio de uma estação...nosso mochilao havia oficialmente começado hehe. Pegamos o trem falando poucos segundos para sair e ai foi só esperar. Chegando no aeroporto fomos fazer o check-in e a empresa pelo qual voariamos estipula um limite para o tamanho da bagagem de mãos, a mulher encrencou achou que nossa mala estava muito grande para embarcar, tivermos que provar que ela entrava num compartimento que eles tinham la e com um pouco de aperto conseguimos fazer caber.



Estava tudo pronto, era só entrar no terminal e esperar o avião. Mas nao sei porque, esse ano as companhias aéreas tão fazendo de tudo pra não me levarem,além de naquele dia ter tido manifestação da greve, teve uma ameaça de atentado a frança de ninguém mais ninguem menos que o bin laden! o indigente foi reclamar de alguma coisa que a frança tinha feito e ameaçou revidar. Eu já não tenho muita cara de europeu e pra variar tinha deixado o cavanhaque no dia. Todos os seguranças e alguns senhores de idade me olhavam de cara feia, mas o detector de metais nao mente e foi só passar por ele que ninguém mais incomodou. Esperamos mais de três horas sentados no aeroporto e ainda ganhamos um vale para consumirmos alguma coisa.(se for calcular tudo que já ganhei de bónus esse ano só por atraso de avião eu ficaria rico hehe). No final das contas conseguimos embarcar e o voo para a Bélgica foi bem tranquilo.

Chegamos a Bruxelas perto das 8 horas da noite e foi só desembarcar do avião que o espírito de viajante começou, tudo era novo de novo e a busca pelo hostel começou. O aeroporto de Bruxelas era enorme e passamos por umas 5 esteiras rolantes antes de chegar na saída do terminal. Fomos até a estação de trem que tinha no próprio terminal e compramos uma passagem para o centro. Pegamos o trem e paramos na estação central, eu estava confiante que acharíamos o hostel pelo GPS do celular, mas foi ai que o primeiro imprevisto aconteceu, o Google maps só funcionava com acesso a internet e eu não podia acessar os dados da rede 3G pois estava fora do pais, iria gastar uma fortuna com roaming. Apesar da tecnologia que eu tinha, estava impossibilitado de usá-la e tivemos que voltar ao meio tradicional... Mapas! 

Voltamos para a estação e conseguimos um mapa da cidade, depois foi só pedir ajuda pra uma atendente lá que ela nos informou direitinho o que devíamos fazer. Compramos um ticket de metro e fomos até a estação próxima da rua do nosso hostel. Era muito pertinho e andando menos de 5 minutos já pudemos ver a placa de onde ficaríamos, e a primeira impressão foi muito boa. O clima do hostel era muito agradável,no hall principal tinha uma mesa de ping pong, computadores com acesso a internet, alguns bancos e até uma cantinazinha, tinha muita gente la jogando tempo fora, pois o lugar realmente era bem gostoso de ficar. Fiz o check-in e fomos para o quarto. Bem limpo, com 3 beliches e um banheio com pia e chuveiro dentro.Deixamos as mochilas nos guarda-volumes e saímos para começar a conhecer a cidade.

Pegamos um mapa para mochileiros na entrada do hostel e decidimos ir até o centro da cidade. A impressão que se passa primeiramente é que existem muitos prédios altos, mas a medida que se afasta percebe-se que eles estão concentrados em uma pequena parte da cidade. A medida que nos aproximávamos do centro, ficava mais nítido o velho estilo europeu de ser, de vielas, ruas com casas juntas uma nas outras e pequenas praças entre quarteirões. Gostei muito da cidade de Bruxelas, o clima da cidade é muito agradável e o modo que os prédios antigos e novos são distribuídos é bem interessante, fazendo com que a capital da Bélgica tenha cara de cidade grande sem perder o charme de vila antiga.



Andamos um pouco e demos de cara com uma enorme igreja, tiramos as fotos e continuamos andando até chegar à famosa “Grote Markt” ou “Grand Place” (Foto acima). Ponto central de Bruxelas foi considerada por Victor Hugo a praça mais bonita do mundo. Cercada por prédios renascentistas muito bem construídos e ornamentados, é de cair o queixo quando você vai pro centro da praça e gira o rosto para ver tudo a sua volta, ainda tenho muitas praças para ver, mas por enquanto concordo plenamente com o Victor. Ficamos um tempo admirando a praça iluminada a noite e fomos procurar alguma coisa pra comer. Lanchamos num fast-food e voltamos andando para o albergue por outro caminho para ver mais da cidade. O bom é que não é uma cidade muito grande,  fica bem perto uma coisa da outra e para nós que passaríamos maior parte do tempo andando foi uma coisa muito boa.

Chegamos no hostel e resolvemos jogar um pouco de ping-pong, enquanto o bruno foi pra internet, nisso, enquanto a gente conversa em português, uma menina vira e fala! Eitaa brasileiros! Hehe. Ela era de São Paulo e estava há 20 dias viajando pela Europa, mas o que mais impressionou foi que ela fez tudo sozinha e disse que não sabia nada de inglês! Nos despedimos dela e subimos para tomar banho e dormir, ao chegar no quarto os outros 2 hospedes já estavam deitados. Pro nosso azar, um deles, roncava demais hehe.

Acordamos bem cedo pois iríamos dormir em outro albergue na noite do dia 29, apesar de termos gostado bastante de onde estávamos, todos os quartos ja estavam reservados praquele dia. O café da manha era bem gostoso, com pão queijo, sucos e geléias e comemos bastante pois aprendemos que em esquema de viagem assim, quando menos se gastar com comida melhor. O outro albergue era bem perto também, uns 15 minutos andando, e após deixar as mochilas nos lockers, pegamos tudo que era necessário e saímos para “turistar” por Brussels.
 
Começamos pelo parque botânico que tinha bem perto do nosso hostel e fomos descendo na direção do rio, uma coisa curiosa da cidade é que todas as placas possuíam as instruções em francês e holandês, as 2 linguas que os belgas falam, sem contar o inglês que eles dominam perfeitamente também. Chegando no rio, andamos no sentido da estação do metro, pois queríamos visitar o parque cinqüentenário. Pegamos o metro e descemos numa estação próxima, e pra nossa surpresa demos de cara com um enorme prédio, cheio de mastros com bandeiras da Uniao Europeia. Estavamos de frente para o comitê europeu. Pra quem não sabe, (eu também só descobri lá) Bruxelas é a capital da união européia, então além da bandeira da Bélgica, muitas bandeiras azuis com estrelinhas flamulam por lá.



Tivemos que dar a volta no prédio para chegar ao parque pois tava tendo algum evento importante la no dia e varias ruas estavam bloqueadas. Mas acabou que a andança toda valeu a pena, o parque era bem bonito e possuía um arco que lembra bastante o arco do triunfo de Paris na entrada. Tiramos algumas fotos e quando estávamos saindo para pegar o próximo metro, vimos uma placa que dizia, “Museu de aviação da Belgica”. Voce não acha que eu perderia isso neh?

Eu parecia criança em parque de diversão, queria tirar foto com tudo! Quando fomos para Bruxelas nunca imaginei que encontraria isso por lá, mais uma vez Deus me surpreendendo, o fato de ter sido sem querer foi ainda melhor, o museu ficava num enorme hangar e possuía diversos exemplares de vários aviões belgas, inclusive alguns usados na segunda guerra mundial.Ainda deu pra entrar na cabine de um caça e ficar brincando la dentro hehe! Pra mim aquele ali foi o ponto alto da Bélgica e olha que ainda não tínhamos visto quase nada.



Após passarmos um booom tempo por lá hehe pegamos outro metrô e fomos em direção ao Atomiun. Um monumento construído em 1958 para a feira mundial de Bruxelas. Um enorme monumento que representa o átomo de ferro e cada esfera é ligada por escadas rolantes, foi bem legal conhecer!

Saindo de lá e fomos caçar o “Palais Royal” de Bruxelas, um prédio gigante construído para família real Belga, apesar deles não morarem por lá. Pra quem não sabe (Isso eu também aprendi por la hehe) A Bélgica é uma monarquia constitucional mas tem um parlamento também, algo bem parecido com o que acontece na Inglaterra.

Tiramos varias fotos em frente ao belo palácio e fomos procurar o ultimo ponto turístico famoso de Bruxelas, o famoso “Manneken Pis Fountain” , a curiosa fonte com uma estátua de um menino fazendo xixi. Andamos um pouco e fui tirando fotos de várias coisas que achava legal por lá, e notei que varias paredes possuíam desenhos do ri tin tin, depois fui saber que o escritor desse famoso detetive era natural de bruxelas. 

Chegando ao mijão já tinha uma galera por lá querendo tirar foto, e naquele momento o famoso menino estava vestido com roupas da Bélgica e usando cadeiras de rodas em cima de um pódio,  representando a vitoria do país numa competição para-olímpica que havia tido. Descobrimos depois que eles vestem a estatua diversas vezes ao ano dependendo da ocasião. A estátua ficava numa pequena confluência de 4 ruas e era bem pequena,toda feita de bronze, curiosamente é a marca da cidade e um dos pontos mais visitados pelos turistas, hoje já posso dizer que estive lá hehe.



Tínhamos terminado de visitar os pontos principais da cidade e fomos almoçar novamente em um fast-food. Depois como ainda estava cedo resolvemos curtir um pouco mais a grandiosa Grand Place. Tiramos mais fotos durante o dia da enorme praça e dessa vez deu pra ver ainda melhor as varias esculturas e ornamentos gravados nos prédios. Nesse meio tempo também aproveitamos para  experimentar vários chocolates belgas, e confesso a vocês que eles são bem mais gostosos que os suíços. Depois de encher a barriga com alguns bombons e um waffle de nutella voltamos para o hostel, pois no dia seguinte sairíamos bem cedo para nosso próximo destino. A charmosa cidade de Brugues...

Um grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estágios...

E aew galera!

Eu tive que dar uma pausa nos posts essa semana porque começou a apertar a vida por aqui hehe! As empresas começaram a disparar as vagas de estágio, o que significa que a temporada de caça começou.
 
Posso dizer que o nível competitivo aqui é muito alto, apesar do enorme campo de engenharia que tem por todo a Europa em geral, os engenheiros que são formados aqui são muito bem qualificados então não da pra dar bobeira. Fiquei essa semana toda trabalhando no meu currículo e ainda tenho que terminar minha Lettre de motivação. Aqui eles dão muito mais valor pra essa Lettre do que pro currículo em si, e é aí que eu tenho que tirar vantagem.

Além de ter que compensar a barreira da língua, essa carta tem que mostrar pro meu empregador quem eu sou e porque ele me contrataria. Como eu pude ler em muitos sites por aqui, "O seu currículo nada mais é do que números de estatística, pense que sempre tem alguem que ja fez a mesma coisa que você ou até mais, por isso a carta de motivação é tao importante, ela é a sua chance de nos provar que devemos contratá-lo" (Essa foi uma tradução que eu fiz, mas o sentido é esse mesmo hehe). Espero termina-la ainda hoje e vamos ver no que vai dar hehe.

Mas deixando de falar agora das barreiras que tenho que superar, vou tentar falar um pouco da empolgação que to vivendo com tudo isso. Olhando as várias vagas nas empresas que eu selecionei para trabalhar, não tem como o olhinho não brilhar. Tem vaga que eu leio a descrição e começo a viajar comigo mesmo, pensando nas inúmeras oportunidades que iriam surgir. Afinal de contas, esse é o principal motivo de eu estar aqui na França, viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas é tudo consequência de se morar aqui, mas conseguir um estágio numa empresa de alto nível na área que eu quero, é meu principal objetivo.

Tava conversando com um amigo meu que veio ano passado e conseguiu estágio por aqui e ele tava me falando de quando estava vivendo a mesma fase que eu, e pensando nisso fui lembrando das várias estapas pelas quais já passei. Lembro que no ensino médio, queria entrar na UnB, achando que depois de ser aprovado, tudo ficaria tranquilo, lá dentro, cada semestre era uma luta, que fazia com que os estudos para o vestibular parecessem tranquilos, depois a busca pela bolsa de intercâmbio e agora que estou aqui, surge a procura pelo estágio dos meus sonhos. Mas uma coisa que me lembro bem também é que sempre pude contar com Deus em todos os momentos e agradeço a Ele por ter me feito vitorioso em todas as etapas que citei, essa é a convicção que me deixa tranquilo sabendo que tudo é feito no tempo Dele e da melhor maneira possível. Nunca vamos parar de estudar, trabalhar, perseguir nossos objetivos, precisamos sempre evoluir, nos aperfeiçoar e buscar o melhor em tudo que fazemos. Sempre vão surgir novos desafios, e confesso a vocês, que é desse suspense que eu gosto hehe

Peço que orem por mim, para Deus me dar orientação em tudo que eu fizer e sabedoria nas minhas escolhas, estou sonhando alto com alguns estágios por aqui, pedindo a Deus que caso eu não seja escolhido, Ele continue me guiando, e caso eu seja, me capacitando...
  
Um Grande Abraço!

Salut! Et au Revoir!   

PS: E pra quem não tá sabendo, eu viajo amanhã pra Bélgica, Holanda e Dinamarca pra aproveitar um feriado que vai ter aqui, mas quando voltar conto detalhadamente como foi por lá hehehe!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Greve!

Ehhh meu povo! Pra quem acha que esse tipo de coisa não acontece em país de primeiro mundo, a França taí pra mostrar que a história é outra hehe.

Já tem um tempinho que a gente tava ouvindo um burburinho de greve por aqui, mas ninguém tava dando muita bola porque quando rola confusão na França, o melhor lugar pra acontecer é la por Paris. E era o que estava realmente acontecendo, todas as manifestações estavam mais centralizadas lá na cidade luz e o clima aqui em Lyon tava bem tranquilo.

Taaava...Posso dizer que o quebra pau chegou por aqui hehe.

Desde o dia 12 de outubro que os sindicatos franceses conseguiram mobilizar mais 3 milhões de pessoas, várias manifestações vem ocorrendo. A de hoje segundo os jornais teve um impacto menor, e o interessante aqui é que eles publicam o numero de participantes, segundo a policia, e o numero de participantes, segundo os sindicatos. Pra variar, o numero fornecido pela policia é sempre muito menor hehehe.

O fato é que hoje eu tive que ir ateh o centro da cidade para buscar um celular que um amigo meu tinha comprado. A gente foi totalmente despreocupado, como se sai geralmente pelas ruas da bela Lyon, hoje porém, as  frustrações ja começaram na primeira estação de metrô. Estranhamos primeiro o fato de todas os guichês de entrada estarem abertos e sem nem pedir o cartão de embarque na estação, mas entendemos o porque logo em seguida quando ouvimos a mensagem que se repetia constantemente no alto falante do local. "Senhoras e senhores, devido a manifestação a linha A está fechada até tempo indeterminado".

Como tinhamos que ir ao centro, fomos ao mapa na parede para ver se havia outra linha pra pegar e descermos em alguma estação proxima para ir andando. Embarcamos no metrô da outra linha e fomos até lá. A segunda frustração foi que ao chegar perto da parada ouvimos no alto falante do metrô "O metro não irá parar na estação tal, esperar até a próxima estação".

Em frances, quando voce quer construir uma frase na negação, voce utiliza a palavra "Pas". A gente ouviu o alto falante meio rouco falando soh assim "Le metro pas arrete a la station....", a gente ja ficou meio encucado discutindo que tinha ouvido que ele nao ia parar, mas tentando nao acreditar que tivéssemos feito a traducao correta hehe. Nisso ja tinha um casal de frances observando a gente conversando em Português e eles perceberam que estávamos na duvida se o metro iria ou nao parar. Infelizmente, hehe escutamos corretamente e o metro realmente nao parou...

O casal caiu na gargalhada quando a gente falou: "Veiiii eu nao disse, foi PAS de arrete!". Eles ja tavam achando engracado a gente tentando traduzir a mensagem e se divertiram mais ainda quando a gente descobriu que tinha feita a traducao certa e realmente perdeu nosso ponto de descida hehe.

Pois bem, descemos na estação seguinte e decidimos ir andando mesmo até a loja do celular. Foi aí que vimos o que não esperávamos...Uma ponte que corta o Rhone cheio de carro de polícia, barcos esperando dentro do rio e um helicoptero sobrevoando a região. O estranho tambem eh que toda hora a gente ouvia barulho de sirene mas nao entendia porque, ali estava a resposta.

Atravessei a ponte todo curioso com aquela situação e do outro lado pudemos ver uma barricada policial, daquela de um monte de policial com escudo e ao fundo a fumaçona branca de gás lacrimogênio. Aih eu te pergunto..se os lyoneses, que moram por aqui, ja tavam curiosos, tirando foto e filmando, que que voce acha que uns brasileiros, turistas e procurando por aventura vao fazer?? A mesma coisa uaii hehe!



O desafio era tirar a melhor foto possivel! (relaxa mae, tava tranquilo na hora e nao tinha ninguem jogando pedra ou tacando bomba). Foi bem divertido e apos tirar as fotos seguimos andando pra chegar na loja. A manifestacao ja tinha acabado mas pudemos ver os resultados espalhados pela ruas de Lyon. Confesso que nunca esperei ver isso por aqui, varias estacoes de onibus depredadas, marcas de objetos queimados espalhados pelas ruas e tudo mais que pessoas querendo criar tumulto costumam fazer.



Pois eh, nao eh soh no terceiro mundo que esse tipo de coisa acontece, e to achando que a situacao vai se prolongar por um bom tempo aqui na França. Os Franceses tão brigando contra uma lei que aumenta a idade de aposentadoria, e por incrivel que pareça, quem ta mais mobilizado por aqui sao os proprios jovens, que nao tao aceitando a ideia de terem que trabalhar mais futuramente. Vamo ver no que vai dar...

A propósito, a loja do celular (bem como varias outras em volta), tava fechada hehe...

Um Grande Abraaaço!

Salut! Et Au revoir!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Route de Moto!

Dia 10 do 10 de 2010 foi um dia que guardarei por toda a minha vida.

Esse post provavelmente vai ficar muito grande, mas preferi contar tudo de uma vez só, pra tentar passar pelo menos um pouco de tudo que eu senti nesse dia tão especial pra mim.

A história que vou contar começou antes, no dia 6 , quando havíamos decidido viajar neste fim de semana e começamos a procurar lugares para ir. Combinamos de viajar mais pra perto e de não ter muitos gastos na viagem, assim, várias idéias foram surgindo. Mas nenhuma causou um impacto tão grande como a do Bruno.
Eu estava no meu quarto quando ouvi ele gritando pela janela do sétimo andar, coloquei a cabeça pra fora pra ver o que ele queria e me lembro bem quando ele ouvi: “Yuri! Achei uma loja que aluga moto aqui em Lyon!”. Falei pra ele subir aqui no quarto na mesma hora e me mostrar isso e à medida que analisávamos a situação víamos que era realmente possível. Já havíamos esquecido a viagem com o pessoal e após pegarmos endereço de duas lojas, combinamos de acordar cedo no dia seguinte e ir até as lojas ver como era o processo de locação.
Fomos à primeira loja sem muita esperança e apreensivos, pois achávamos que o fato de sermos estrangeiros poderia complicar alguma coisa. E a ansiedade só aumentou quando chegamos à loja e ela estava fechada, caminhamos até a outra, mas sem nenhuma explicação (Afinal eram 10 horas da manha de uma quarta feira) ela também estava fechada. Ficamos desapontados após ter imaginado quão massa seria se conseguíssemos alugar as motos.
Mas a gente é brasileiro e não desiste nunca. Voltamos para casa com os telefones das duas lojas, almoçamos e sem comentar com mais ninguém, fomos nos arriscar a ligar e conversar em francês pelo celular. Pra nossa alegria o dono da primeira loja atendeu, falei com ele e ele explicou que de manhã não conseguiu ir para a loja, mas que abriria a partir das 3 horas daquele mesmo dia. Esperamos o horário e fomos mais uma vez até a loja, contudo, dessa vez sabíamos que ela estaria aberta.
Já entramos na loja com um ar de apreensão, e graças a Deus, foi ainda mais fácil do que imaginamos. Tudo que precisávamos era do passaporte, ter carteira de motorista há mais de 1 ano e um comprovante de residência. Mostrei a carteira de habilitação brasileira e só abri o sorriso quando ele falou “Voilá! Pas de Problem!”. Perguntamos se tinha motos disponíveis para aquele final de semana e ele nos mostrou as belezuras,eu já saí de lá namorando uma Kawasaki. Não reservamos nada e fomos embora para conversar e resolver o que faríamos. Ainda conseguimos ir à outra loja, mas todas as motos estavam alugadas até o fim do mês.



Voltamos para casa com a empolgação aumentando cada vez mais, e após conversar bastante, tomamos a decisão... Alugaríamos as motos para o domingo. Voltamos no dia seguinte com um pouco de medo das motos já terem sido alugadas, e dessa vez o Luiz foi com a gente, pois ele também se empolgou muito com a idéia.
Mas ao chegar à loja e ver exatamente três motos lá, eu vi que aquela viagem iria acontecer! Entregamos os documentos, pagamos a caução e fizemos a reserva. Daquele momento em diante, ninguém conseguiu mais dormir, pegaríamos a moto no sábado de tarde e só devolveríamos na segunda. Foi uma contagem regressiva que parecia não ter fim.
A partir desse momento, comecei a orar bastante para que nossa viagem fosse tranqüila e que nada de mal acontecesse. Não falávamos ou pensávamos em outra coisa até o momento de tirar a moto da loja. Passei o dia de sexta estudando os mapas e pistas do sul da França, decidi viajar até Grenoble e precisava saber pelo que iríamos passar.
Pois o sábado chegou... Saímos andando sem conseguir esconder a ansiedade e chegamos à loja para retirar nossos brinquedinhos. Foi muito legal esse dia, pois a minha moto ainda não havia sido devolvida pelo locatário de sexta, então o Daniel (Dono da loja) pagou um refrigerante pra gente e o pai dele me ensinou uma rota que contornava a estrada principal e passava por várias cidades pequenas do interior da França, a expressão que ele usava constantemente para essa rota era “Tré, tré Jolie!”. Segundo ele, a paisagem era incrível e tínhamos que fazer esse percurso de qualquer jeito. Anotei as dicas e quando me dei conta, minha moto havia chegado. A espera acabara e era a hora da verdade. Escolhemos nossos capacetes e subimos nas bixonas. Analisei toda a moto, do escapamento ao painel, admirando cada detalhe e orando sem cessar para que pudéssemos nos entender bem.
Coloquei a chave na ignição e dei a partida... Desse momento em diante, foi só alegria, o barulho que ela fazia era incrível e quando saí com ela pela primeira vez sentindo o torque do motor, pude entender a capacidade daquela moto. Estava em cima de uma Kawasaki ER-6N, moto de 650 cilindradas e fácil pilotagem.
Voltamos para o apartamento fazendo a maior festa, gritando um pro outro sem acreditar que havíamos conseguido alugar aquelas motos. Arrumamos-nos e saímos pela cidade para passear, afinal precisava conhecer a moto antes de pegar a estrada com ela. Fomos até o centro da cidade conhecendo ruas e vielas que de trainway nunca tínhamos visto. Comemos por lá e voltamos cedo, afinal no dia seguinte, teríamos muito chão pela frente.
Naquela noite eu quase não consegui dormir, tamanha a ansiedade que eu estava. Nem percebi quando o despertador tocou e eu só pulei da cama. Domingo havia chegado e eu estava pronto para pegar a estrada. Encontramos-nos para preparar uns sanduíches e repassar o briefing da viagem. Relembramos da responsabilidade de cada um e tive oportunidade de ler Salmos 121 com os mlks, um hábito que meus pais têm toda vez que vamos viajar e que adotei para mim mesmo. Terminamos tudo e marcamos de nos encontrar nas motos em 5 minutos.

(A partir de agora, se você tem um som disponível, leia os próximos parágrafos ao som dessa música:) 

http://www.youtube.com/watch?v=tnB-dnJVlcs&feature=fvst 

Fui até o espelho e me olhei fixamente, sabendo que aquele dia seria diferente. Havia alcançado um dos meus sonhos de vida e ainda não tinha me dado conta disso. Vesti minha jaqueta e peguei o capacete. Eu estava pronto, a ansiedade passara e graças a Deus estava muito confiante. Andei em direção a moto girando a chave no meu dedo, montei na Kawa e girei a chave na ignição, engatei a primeira e segurei a embreagem, rodei o pulso do acelerador e fazia música com o som que saía do escapamento. Fechei a viseira, me posicionei para pilotar, e finalmente, arranquei a moto rumo ao meu destino, minha viagem acabara de começar...



Saímos de Lyon e entramos na rodovia, a pista era perfeita, sem qualquer indício de buraco, com muitas faixas e muito bem sinalizada, nesse primeiro trecho pudemos esticar bastante com a moto e sentir um pouco mais da força das bixinhas. Aqui existem as rodovias pedagiadas que fazem valer cada centavo que se paga para rodar nelas e as rotas não pedagiadas que incrivelmente são tão bem conservadas e cuidadas como as pedagiadas. No nosso caminho de ida pegamos apenas rotas não pedagiadas, para podermos conhecer as cidades listadas pelo nosso amigo da locadora.
Pegamos a estrada em direção a Crémieu e começamos a contemplar um pouco da paisagem que teríamos pela frente, a pista que pegamos era beirada por várias plantações, com montanhas na vista do horizonte, andamos um pouco e passamos por um pequeno vilarejo, seguimos mais e avistamos a placa: “Crémieu (Cité Médiévale)”. Era uma pequena cidade com casas antigas e cuja atração principal era um castelo no alto de uma montanha que abraçava a vila.
Andávamos pela cidade bem devagar admirando o ar medieval daquele lugar e chegamos a um lugar onde estacionamos a moto e pudemos subir a pé uma escadaria que dava para o cume da montanha. A vista de lá era incrível e podia se ver toda a pequena vila daquele lugar. O Sol não incomodava e podia se sentir a brisa batendo de maneira agradável. Tiramos algumas fotos e descemos para pegar as motos e seguir viagem.



Saímos da bela vila de Crémieu e fomos rumo a Morestel. Nesse trecho, passamos num trecho onde dos 2 lados da estrada se viam enormes montanhas cheias de árvores bem verdes. Mesmo em cima da Kawa em que a vontade era de acelerar, a paisagem te prendia e te fazia querer aproveitar a vista por cada segundo que fosse possível.
Chegamos em Morestel e nesse dia estava tendo uma feira das maçãs hehe, a cidade estava bem movimentada e novamente passamos bem devagar pelas ruas de mais uma cidade francesa. Morestel era um pouco maior e o caminho para a próxima cidade era mais urbano. Mesmo assim não deixava de ser interessante, o caminho era mais curvo e o trajeto foi muito legal de se fazer com a moto, descendo e subindo ruas com casas de um lado e uma vista do horizonte do outro.
Após um curto trecho, chegamos a Aoste. Nessa cidade paramos apenas para avisar o pessoal de Lyon que estávamos bem. Peguei o GPS e tracei a rota para nosso próximo destino, o lago de Paladru.
Foi na rota para Paladru que tive uma das visões mais bonitas da viagem.Uma pista de mão dupla, cujo tanto do lado direito como do lado esquerdo havia um bosque cujas árvores eram tão altas que a luz do sol se concentrava em apenas alguns lugares, tornando possível ver vários feixes de luz separados batendo no chão. Acontece que as árvores se inclinavam e cobriam a pista, e foi aí que do nada, eu vi na minha frente uma região um pouco mais iluminada pelos feixes de luz, como se alguém tivesse colocado um holofote exatamente naquela parte da pista. Não bastasse esse jogo de luzes, na mesma região várias folhas secas caíam das árvores em volta formando uma espécie de chuva de folhas. Eu não consegui acreditar no que estava vendo. Reduzi a velocidade, ergui meu corpo sobre a moto e levantei a mão esquerda para sentir as várias folhas que caíam sobre o asfalto. Nem se eu quisesse imaginar, conseguiria pintar uma cena tão magnífica em minha mente. Infelizmente além dos mlks atrás de mim havia carro também e não pude ficar mais tempo em velocidade reduzida naquele trecho, mas o pequeno espaço de tempo que passei por ali serviu para ficar gravado na memória.
Chegamos então em Paladru e contemplamos mais uma linda vista, um enorme lago que levava o nome do local em que estava localizado, Lac du Paladru. Estacionamos a moto na beira do lago e decidimos que ali era o lugar ideal para almoçarmos hehe. Ficamos um bom tempo ali, comendo, conversando e apenas admirando a vista. Passado o tempo, arrumamos tudo e seguimos viagem, sem mais paradas rumo a Grenoble.



Pilotamos um bom tempo beirando o lago de um lado e uma enorme montanha do outro, mais uma vez sem palavras para explicar a grandiosidade da paisagem. Chegamos então em um cruzamento que dava para a rodovia principal e ligava direto para Grenoble. Pegamos a rodovia e foi nesse trecho que pudemos realmente sentir o poder das nossas motos. A pista continha 4 faixas para cada sentido e a reta era tão grande que não era possível ver o final. Fiquei atento nas placas para Grenoble e vi que tínhamos espaço.
Grudei as pernas na moto, inclinei o corpo para frente, abaixei a cabeça com os olhos fixos na pista a minha frente e juntei os braços junto ao corpo. Reduzi a marcha e fechei o punho direito!O mais incrível era que mesmo com o giro do motor lá em cima, a moto continuava a desenvolver. Indescritível a sensação e mais um momento que pude gravar na memória!
Rodamos 58 km nessa pista e vimos a placa que indicava Grenoble logo a frente. A cidade de Grenoble é grande, com vários centros comerciais, avenidas e ruas movimentadas. É a segunda maior cidade da região de Rhones-Alpes, perdendo apenas para Lyon. Fomos direto ao ponto turístico mais famoso da cidade, o Forte de La Bastilha. Para subir as pessoas usam um teleférico, mas descobrimos que tinha uma rota para quem quisesse subir de carro ou moto. Como estávamos de moto, porque não aproveitar hehe. Acontece que a rota era bem inclinada e subimos de primeira o morro todo, foi uma sensação de MotoCross em cima de uma ER-6N. Mas chegando lá em cima nos sentimos recompensados, a vista era linda e pudemos ter uma visão geral de toda Grenoble. Terminamos de comer os sanduíches que faltavam e descansamos um pouco ali em cima da montanha. Se pudéssemos teríamos cochilado fácil lá, mas ainda havia uma cidade que eu queria conhecer e ficava há apenas 20 km de Grenoble. Pegamos a moto, descemos a montanha e partimos rumo a Vizille.



O caminho até Vizille foi bem rápido e de todas as cidades que visitamos nesse dia, esta foi a que mais me impressionou. Fomos até o centro da cidade, procurando o Château de Vizille. Um imenso castelo que abriga o museu da revolução francesa e que dá acesso a um enorme (enorme mesmo!) jardim imperial.
Do lado de fora do portão do castelo, se vê uma cidade francesa normal, com prédios antigos, um carrossel, restaurantes ao ar livre e tudo mais, mas é no lado de dentro que a mágica acontece, assim que se passa pelo portão principal, você dá de cara com uma enorme montanha no horizonte e um jardim verde como nunca vi igual, com direito a um bosque, um labirintozinho de grama podada e tudo isso cortado por um córrego que percorre todo o local. Andamos pelo jardim de boca aberta com a beleza do lugar e depois fomos visitar o museu do castelo.
O museu era bem legal, com várias salas, quadros e esculturas que mostravam a história da revolução francesa. Uma cópia do quadro da morte de Marat estava lá e foi legal ver a imagem sem ser num livro de história hehe. Terminamos o passeio pelo museu e era hora de voltar para “casa”.



Estávamos cansados e já eram quase 6 horas da tarde. O bom é que na volta nós combinamos de voltar pela rodovia pedagiada. Subimos na moto e esticamos de Vizille até Lyon. Se na ida pudemos curtir a paisagem e aproveitar o passeio, foi na volta que pudemos curtir a moto que tínhamos e aproveitar a velocidade hehe. A rodovia possuía quatro faixas para cada sentido, e a velocidade indicada era de 130, o que significa que a velocidade média era de 140 hehe. Ou seja, andando a 140km/h você anda lado a lado com os carros daqui (E que carros!). Aproveitamos ao máximo a estrada que tínhamos pela frente e fizemos 108 km em 40 minutos. Foi sensacional hehe!
Chegando perto de Lyon paramos para comer numa lanchonete chamada Quick, que é tipo um McDonalds daqui. Ficamos conversando e rindo daquilo que tínhamos feito naquele dia. Comentamos as cidades, a estrada, as motos e todo aquele dia que passamos juntos viajando de moto. Terminamos de comer e voltamos para casa, cansados, mas mais do que satisfeitos de tudo aquilo que tínhamos vivido naquele domingo. Estacionei a moto e orei a Deus agradecendo por ter nos levado e trazido com segurança para nossa “casa”.
Se meu intercâmbio terminasse agora, poderia dizer que já valeu a pena.
Fui de uma cidade a outra, passando por bosques e montanhas, beirando lagos, cruzando ruas de pequenas vilas do interior onde a edificação mais alta era a torre da única igreja do lugar. Acordei hoje de manhã tentando acreditar se aquilo realmente tinha acontecido e só me dei conta de que não estava sonhando quando olhei pela janela e vi a moto estacionada lá em baixo
Pilotar uma moto poderosa, estar rodeado por paisagens estonteantes, sentir bater mais forte o coração ao ver o velocímetro de sua moto marcar 200 km/h são experiências únicas.
De todos os posts que fiz até agora, acho que esse foi o mais difícil de escrever, pois eu sei que não importasse as palavras que eu usasse, não iria conseguir transmitir nem um pouco do que estou sentindo em relação às experiências que eu vivenciei esse fim de semana.
Toda vez que falo pra minha mãe dos meus planos e sonhos ela me responde sabiamente com Tiago 4:15 que diz: “Ao invés disso, deveriam dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”.
Eu não tenho como expressar minha gratidão a Deus por ter me permitido realizar esse meu grande sonho. Por várias vezes eu me peguei imaginando e sonhando com essa viagem de moto, mas mais uma vez, Ele me surpreendeu realizando muito mais daquilo que jamais sonhei ou pensei.



Se Deus assim permitir, daqui a alguns anos vou contar para meus filhos e netos a história do dia em que eu peguei uma moto e viajei pela França, contemplando as obras de Suas mãos, passando por cidades que nem estão listadas nos guias turísticos, mas que todos deveriam conhecer. Se o Senhor quiser, vou contar emocionado desse dia e falar...
Dia 10 do 10 de 2010 foi um dia que guardei por toda a minha vida.
Um grande Abraço!
Salut! Et au Revoir