quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Snowboard!

Esse post seria para contar o final da viagem anterior e falar sobre a cidade de Copenhaguen, mas vou fazer uma pausa e falar sobre mais um sonho realizado e mais uma meta cumprida ao vir passar esse tempo aqui na Europa.

O post de hoje é sobre a primeira vez que fiz Snowboard!

Foi dia 11 de dezembro de 2010, um sábado totalmente único, marcado por uma paisagem sem igual e emoções que não tem como descrever com junções de palavras. Se me pedirem pra descrever o Snowboard em duas palavras, eu daria a seguinte resposta: Força de vontade (São mais que 2 palavras, mas vocês captaram o espírito da coisa). O porquê eu conto agora...

A gente saiu de casa cedo, 5 e meia da manhã, iríamos pegar o ônibus da agência na qual compramos o passeio na praça Bellecour e não queríamos chegar atrasados. Praticamente todos a brasileirada do prédio foi nesse passeio, e ainda contamos com a presença de 3 amigos brasileiros que moram em outras cidades e vieram passar o final de semana aqui em casa para poder ir esquiar também.
Chegamos com antecedência no local de encontro e daí foi só esperar para partir, uma espera bem chata, pois vocês não tem noção da ansiedade que eu tava pra chegar, subir na prancha e descer a montanha!
A viagem foi super tranqüila, fomos conversando, falando de nossas expectativas, lançando desafios entre os homens e após aproximadamente 2 horas e 30 minutos chegamos ao pé do Alpes d’Huez. Levamos mais uns 20 minutos para chegar na estação, mas a subida na montanha já valera o passeio e a vista que tínhamos a media que subíamos era uma coisa que chega a ser absurda de tão linda.



Desci do ônibus parecendo menino quando vai pra parque de diversões, pulando, inquieto, olhando tudo, dando murro de empolgação nos brothers,etc. Enquanto comíamos o lanchinho que a empresa tinha dado pra gente aproveitei para observar ainda mais o local. Lá em cima havia uma verdadeira cidadezinha, com hotéis, restaurantes, lojas, tudo construído para capitalizar algo que tinha aos montes por lá, neve! O lugar era muito bem estruturado, tudo bem dividido e fácil de localizar, quando você entra no centro comercial, fica difícil lembrar que se está em cima de uma montanha. Após lanchar fomos diretamente na loja de equipamentos pegar as pranchas que tínhamos reservado. A fila estava um pouco grande, mas nada naquele dia podia tirar meu bom humor. Chegou a minha vez e perdi uns 20 minutos só para achar uma bota que coubesse hehe. Fomos em seguida pegar a prancha e nesse momento o coração já tava batendo ainda mais forte, eu iria fazer snowboard!
Saímos voados da loja e fomos para o primeiro teleférico que vimos, coloquei o pé esquerdo na prancha para poder caminhar até o teleférico e daí, foi só esperar a subida.
A subida no teleférico foi outra coisa que surpreende, íamos sentados, subindo e admirando a paisagem à nossa volta, não tem como descrever. Chegamos ao topo, realizados com aquele pequeno passeio que tínhamos acabado de fazer.



Bom...Estávamos lá em cima, com a prancha no pé, e só havia um jeito de descer...Era tudo que eu havia pedido a Deus hehehe! Atarrachei o outro pé na prancha, me levantei e sem nem querer, deslizei meu primeiro percurso (de 2 metros). Parecia tranqüilo, era um pouco estranho ter os 2 pés presos à uma prancha, mas eu pensava, “Poww, já andei de sk8, isso aqui vai ser mole mole”. Nunca na minha vida eu havia estado tão enganado, e nunca na minha vida o meu orgulho me derrubou tantas vezes (literalmente!).
Comecei a descer a montanha e em menos de poucos metros, vi que tava ficando muito rápido, fui tentar freiar e...Primeira queda..Quero falar aqui que pra quem pensa que neve é fofinha e rola de ficar metendo as costas, barriga, cabeça, ombro o tempo todo nela, já aviso logo que não é nem um pouco do jeito que vocês tão pensando! Doeu demais essa primeira queda, foi daquelas que você cai, bate e fica se perguntando se tem algum lugar que não tá doendo. Eu fiquei no chão, com um sorriso do tipo, “Hahaha isso vai ser massa!”. E realmente foi! A gente só caía!! No começo da descida o corpo ainda tinha forças e dava pra “Escorregar” por um trecho maior antes de meter alguma parte do corpo no chão.
Nós não sabíamos naquela hora, mas as pistas eram divididas em cores por dificuldade, começando do verde, azul, vermelho e preto. Estávamos descendo aos trancos e barrancos uma pista vermelha, e o pior é que enquanto a gente morria pra conseguir fazer alguma coisa, passava aqueles bixos viciados do seu lado, fazendo tudo de forma fácil e te fazendo parecer o cara mais idiota da pista hehe. Ainda bem que o Bruno e o Henrique tavam comigo, então pelo menos um dos três tava no chão alguma hora. Uma dessas horas eu apenas parei e dei mais uma olhada ao cenário sem igual que me circundava. Estávamos a mais de 1900 metros de altura e era possível ver várias montanhas brancas ao horizonte, formando inúmeros vales entre si, parecia que eu estava no topo do mundo e a sensação era incrível. Se alguém ainda duvida que o mundo foi criado de forma consciente, recomendo fortemente uma subida à alguma montanha bem alta.



Bom, não tem como mesurar o tanto de vezes que a gente caiu, não mesmo...Mas como eu disse no começo do post, snow se resume há uma coisa, Força de vontade. Por mais que eu tivesse doído, caído e com o orgulho e moral feridas, eu tentei continuar, tentei levantar e uma hora, sem perceber, já estava tendo um pouco mais de controle sobre a prancha e o que ela fazia. A neve me derrubou de novo pra me colocar no meu devido lugar, mas fiquei feliz pois vi que ainda tinha esperança.
Finalmente, depois de aproximadamente 1 hora, havíamos descido a montanha (levamos cerca de 10 minutos pra subir) e resolvemos tirar uns minutos pra descansar. Eu mal conseguia andar, mas ainda tinha muito tempo pela frente e eu queria sair de lá com a base bem firmada. Graças a Deus achamos em seguida uma pista verde , bem curtinha e perfeita para aprender, (Bateu o arrependimento depois de não ter começado por ali antes hehe) mas ainda assim o número de quedas era incontável.
Essa parte foi bem melhor e ficamos um bom tempo ali. Me arrisquei depois em uma pista verde maior e foi aí que começou a ficar produtivo hehe. Estava conseguindo descer a pista toda, caindo umas 3 ou 4 vezes no máximo, por falta de atenção mesmo e já sentia que estava dominando a parada. Mas infelizmente já tava tarde e era hora de voltar pra casa.



Voltei para casa realizado com uma mistura de pensamentos, meu orgulho fora ferido e tava tudo doendo, mas ao mesmo tempo, aquele cenário tinha me fascinado e percebi que no final do dia eu tinha pego o jeitão da coisa. Fiquei imaginando como seria se tivesse feito esse ou aquele movimento, como seria se fizesse isso ou aquilo, eu precisava voltar e fazer aquilo mais uma vez. Foi aí que me dei conta do que estava acontecendo, eu tinha viciado!
Voltamos para casa naquele dia e tudo que queríamos era dormir, foi um dia único, mais um daqueles pra marcar na agenda como especial e mais um sonho para marcar como realizado. Eu realmente havia viciado e no sábado seguinte eu voltaria a fazer snow em outra estação. Esse foi um dia bem diferente, onde as quedas não eram a regra e sim as exceções, mas essa história, eu conto outro dia...
Um Grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Holanda - Amsterdã (Segundo Dia)

Acordamos umas 8 horas da manhã só porque queríamos aproveitar bem a cidade, porque se dependesse do cansaço a gente ia acordar pra lá de meio dia hehe. Arrumamos as coisas e descemos para o café. Ele era pago e nem era tão bom, mas eu criei um caso por lá e acabamos ganhando de graça, pois no site do hotel falava que tinha banheiro dentro dos quartos e quando chegamos por lá não era nada do que mostrava no site, falei que havíamos sido enganados e tudo mais e no final das contas a mulher acabou cedendo.
                Terminado o lanche fomos direto para a parada esperar o ônibus que nos levaria de novo para o centro, dessa vez pra ficar por lá. Mais 40 minutos de viagem e chegamos na estação central por volta das 9 e meia. O dia estava bem mais bonito, o sol tava aberto e tinha bastante gente na rua, mas um fato bem curioso de Amsterdã que impressiona todos os turistas, é a quantidade de bicicletas que se vê, tem muita, mas muita, mas muuita bicicleta! O terreno todo da Holanda é muito plano, eles ganharam espaço roubando terra do mar e isso facilita muito o uso desse meio de transporte. Tem tanta bicicleta por lá que existe estacionamento de 2 andares só para bicicletas hehe.



Por lá pedimos informação de como chegar no endereço do outro hostel e decidimos ir direto pra lá deixar as coisas e depois voltar para andar pela cidade. Compramos o bilhete de transporte da cidade e pegamos um tram (Um tipo de bonde que passa pelo meio da cidade) para o local indicado. Pelo mapa parecia ser bem mais perto, mas demorou muito mais do que a gente imaginou hehe. Meia hora depois, chegamos no hostel e deixamos as coisas por lá, esperamos o mesmo tram para voltar e lá se foram mais meia hora, ao chegar no primeiro local a ser visitado, demos de cara com uma fila enorme e lá se foram mais meia hora hehe.
                Resumindo, perdemos a manhã quase toda, e já estávamos começando a achar que não conseguiríamos conhecer bem a cidade, mas perto de meio dia, entramos no nosso primeiro ponto turístico, e os momentos que passamos lá compensaram cada minuto, havíamos chegado na casa de Anne Frank...
                Anne Frank e sua família eram judeus e moravam em Amsterdã na época da segunda guerra mundial, após a dominação alemã na cidade, os judeus começaram a ser perseguidos e com o passar do tempo, passaram a ser enviados para os campos de concentração nazista. A história de Anne se difere pois durante dois anos de ocupação, ela, sua família e outra família judia ficaram escondidos em uma casa de um amigo holandês do pai de Anne. Havia um esconderijo dentro da casa todo adaptado para que eles pudessem “sobreviver” lá dentro. E durante todo o tempo em que ela ficou “imersa”, Anne escreveu um diário para contar o dia a dia de sua vida como refugiada.
                Certo dia a polícia secreta alemã recebeu uma denúncia anônima e todos eles foram encontrados e mandados para o campo de concentração. Alguns anos depois, todos eles morreram, exceto o pai de Anne. Ao voltar para Amsterdã ele encontrou o diário de sua filha e após algum tempo resolveu publicá-lo para salvar a memória dela. O livro virou um Best-seller e hoje, “O diário de Anne Frank” já foi traduzido para diversas línguas no mundo todo.
                Quando a gente houve ou lê história desse tipo de coisa geralmente não conseguimos sentir o impacto que isso causa. Eu sabia da história, mas confesso que ao entrar na casa e ver a fundo os detalhes de tudo que aconteceu, fiquei arrepiado e emocionado...A casa hoje virou um museu que te permite passear pelos seus cômodos, com guias iterativos que contam a história do dia a dia da família Frank durante a ocupação. Era uma sensação de tristeza ao entrar no esconderijo apertado e imaginar como eles passaram 2 anos vivendo num lugar daqueles. A medida que íamos andando pela casa a história era sendo contada em ordem cronológica, relatando também o período em que os membros da família morreram no campo nazista. Terminava por fim contando a história do pai no período pós guerra , a história da publicação do livro e o surgimento da instituição Anne Frank. Foi um passeio totalmente diferente, indispensável para quem vai a Amsterdã e que deixa qualquer pessoa emocionada.
Em seguida fomos caçar o museu de Van Gogh, e no meio do caminho acabamos achando uma placa enorme para as pessoas poderem tirar foto que dizia “I AMsterdã”, estilo aquela que tem por aqui em Lyon.Tava cheio de gente em volta querendo tirar a sua própria foto, mas a gente acabou conseguindo achar um espacinho hehe.



Depois fomos direto para o museu que era bem pertinho e chegando la, tome mais fila hehe. Bom que deu tempo pra gente comprar nosso “almoço” numa barraquinha de cachorro quente que tinha por perto.
Entramos no museu do Van Gogh, famoso pinto holandês que cortou a própria orelha num surto de loucura (descobri isso por lá hehe) e confesso que não achei muito interessante, acho que ainda tava surpreso com o museu anterior hehe, mas rodamos os três andares do prédio e tirando um quadro ou outro que a gente sabia que era famoso, (pois tinha visto na escola em artes) não tinha muita coisa impressionante (Impressionista tinha bastante hehehe). Valeu a visita para conhecer, ele foi uma pessoa importante na história da arte mas descobri que não sou muito fã de ficar olhando pra quadro não.
Acabando o passeio, resolvemos andar sem rumo pelo centro e nos deixar perder pelos inúmeros canais da cidade. Foi nesse momento que conhecemos a verdadeira beleza da cidade. Amsterdã se parece muito com uma teia de aranha, várias circunferências formadas por cruzamentos de ruas e canais que vão convergindo até chegarem numa grande praça central, são mais de 1200 pontezinhas ligando uma rua a outra, então já vale o passeio ficar passeando por esse labirinto de pontes e observar os barcos passando lá embaixo nos inúmeros canais.



A cidade é realmente muito liberal, passamos em frente a diversos coffes shops, lugares onde a maconha é vendida de graça, e só pode ser consumida dentro desses estabelecimentos. A questão por lá é que tudo é permitido nos devidos lugares, então pra quem quer somente passear e não ser incomodado por esse tipo de coisa pode ficar tranqüilo, a cidade te permite isso.
Mas o mais importante, é que Amsterdã é muito viva e animada, muita gente na rua, incluindo turistas e nativos e é super segura, a polícia está presente em todos os lugares e sendo assim ninguém te incomoda por lá. Foi bem legal passear pelo centro de Amsterdã, e abaixo um vídeo mostando um pouco mais de como é por lá...



Em seguida continuamos andando pelas pontes e tirando várias fotos. Já tinha escurecido e resolvemos voltar para o centro para comer alguma coisa. Demos sorte, pois havia um parque de diversões montado naquela semana e várias barraquinhas de comida em volta. Fomos lanchar em uma barraquinha de comida alemã e ficamos por lá curtindo as luzes e a movimentação do parque. Terminamos de comer e fomos andar um pouco mais pelos canais da cidade, a noite é um passeio totalmente novo e igualmente bonito. Andamos um pouco mais e eu estava sempre atento para não entrar em uma rua e ter alguma “surpresa” hehe. Foi aí que mais a frente eu vi a indicação das placas e terminei meu passeio por ali hehe, logo adiante ficava o Red Light District, local que abriga as ruas de Amsterdã das quais todo mundo conhece a fama.
Voltei então pelo mesmo caminho e satisfeito pois havia conhecido tudo que queria e passeado bastante pela cidade. Peguei o metrô, mais meia hora...e cheguei enfim no hostel. Dessa vez o banheiro realmente era no quarto e deu pra descansar bem mais nessa noite.

Concluindo, apesar da fama que tem, Amsterdã é muito linda, e não é preciso olhar nenhuma “janela” para se divertir por lá. Há várias Amsterdãs dentro de Amsterdã e qualquer pessoa pode aproveitar bastante a cidade.
Um grande Abraço!
Salut! Et au Revoir!